Roma, 13 jan (RV) - Fontes próximas à família de Asia Bibi informaram à agência
vaticana Fides que esta mulher cristã detida no Paquistão, acusada de ter violado
a Lei de Blasfêmia, está cansada pelas constantes tensões sobre ela e agora teme por
sua vida. Fides assinala que Asia se sente constantemente em perigo de morte e confia
sua vida a Deus. Na terça-feira seu marido Ashiq se encontrou com ela na prisão e
assinalou que é alarmante “o estado de prostração psicológica e de desespero” no qual
ela se encontra.
Asia Bibi também se referiu ao assassinato do governador de
Punjab, Salman Taseer, sobre quem afirmou que era “um homem bom e justo, um aliado
em minha luta contra a injustiça e pela abolição da Lei de Blasfêmia. Quem nos protegerá
agora? Estamos todos em perigo”, disse ela.
A agência Fides assinala ainda
que as tensões no país aumentaram depois que mais de 50 mil muçulmanos marcharam recentemente
a favor da Lei de Blasfêmia. Neste evento o assassino de Taseer foi elogiado e chamado
de “herói”. Os participantes da marcha exortaram a assassinar Asia Bibi e todos aqueles
que se opõem a esta norma.
A Lei de Blasfêmia reúne várias normas contidas
no Código Penal inspiradas diretamente na Xaria -lei religiosa muçulmana- para sancionar
qualquer ofensa de palavra ou obra contra Alá, Maomé ou o Alcorão. A ofensa pode ser
denunciada por um muçulmano sem necessidade de testemunhas ou provas adicionais e
o castigo poderia supor o julgamento imediato e a posterior condenação à prisão ou
à morte do acusado. A lei é usada com freqüência para perseguir a minoria cristã,
que costuma ser explorada no trabalho e discriminada no acesso à educação e os postos
de função pública.
Sobre as ameaças que receberam as pessoas que ajudam Asia
Bibi e sua família como, Haroon Barket Masih da Masihi Foundation, este advogado assinala
que “hoje existem 10 milhões de potenciais assassinos de Asia. Taseer foi assassinado,
o ministro (para as minorias) Shahbaz Bhatthi ou o ex-ministro Sherry Rehman também
foram condenados à morte pelos extremistas".
“O governo, do premier Gilani
disse abertamente que não pensa em modificar a Lei sobre a Blasfêmia. O executivo
acolhe alguns fundamentalistas: por isso, se afasta dos princípios e da visão democrática
e legítima com patentes violações de direitos humanos". (SP)