Cartum, 12 jan (RV) - “A população está votando em massa e até agora as operações
de voto sobre a independência da região está se realizando na calma”, disse à agência
Fides, o bispo de Tombura-Yambio, no Sudão meridional, Dom Edward Hiiboro Kussaka.
“Os temores de possíveis ataques por parte dos rebeldes ugandeses do Exército de Resistência
do Senhor, LRA, graças a Deus não se verificaram, embora devemos continuar estar atentos
porque a votação terminará somente no 15 de janeiro”, disse Dom Kussala. Há anos,
o Exército de Resistência do Senhor realiza incursões na área.
A este respeito,
Dom Kussala afirma que “de acordo com o que me disse um líder Acholi do norte de Uganda,
os líderes do LRA parecem estar dividido entre duas opções: atacar durante a realização
do referendo, ou aguardar a sua conclusão para ver se será feita uma nova operação
militar contra eles pelos exércitos dos países ameaçados pelo grupo (República Democrática
do Congo, Uganda e Sul do Sudão), com o apoio americano. Neste caso o LRA atacará
diversas áreas do Sul do Sudão. Parece ter prevalecido a segunda opção”. Os Acholi
são a principal população do norte de Uganda e a liderança do LRA é composta por membros
deste grupo étnico.
Dom Kussala relata também que em sua diocese, se nota
o retorno de sudaneses do sul que vivem no norte do país, numa média de 20-40 pessoas
por dia. “Essas pessoas - explica o bispo de Tombura-Yambio – encontram-se em graves
dificuldades, porque trazem consigo apenas alguns efeitos pessoais. Elas estão sendo
hospedadas por parentes e conhecidos, mas o nosso território encontra dificuldade
em absorver esse fluxo de pessoas, em parte devido ao fato que muitas infra-estruturas
agrícolas foram destruídas por ataques do LRA”.
De acordo com Dom Kussala
cerca 30 mil sudaneses do sul que vivem em Cartum, têm a intenção de retornar antes
da conclusão do referendo. “Nós não temos, porém, os meios e instalações para acolher
e apoiar todas essas pessoas”, concluiu o bispo. (SP)