Islamabad, 11 jan (RV) - Um dos principais grupos fundamentalistas do Paquistão,
o Jamaat-e-Islami, criticou o pedido feito, nesta segunda-feira, por Bento XVI, em
prol da ab-rogação da lei antiblasfêmia. A solicitação do pontífice foi feita em seu
discurso no encontro com os diplomatas acreditados junto à Santa Sé, para a tradicional
troca de felicitações pelo início do novo ano.
Em um comunicado publicado no
site da organização, o secretário-geral do Jamaat-e-Islami, Liaquat Baloch, define
o pedido do Santo Padre como "ingerência nos assuntos internos e religiosos do Paquistão".
Baloch recorda, em seu comunicado, que "a grande manifestação realizada em
Karachi, no último domingo, deve servir de aviso ao governo que quer modificar a lei,
sob pressão dos Estados Unidos".
A manifestação reuniu cerca de 20 mil pessoas
no município de Karachi, que fica no sul do Paquistão, com o objetivo de protestar
contra a revisão da lei que prevê a pena de morte aos que cometem blasfêmia.
Recordamos
que o governador do Punjab, Salman Taseer, assassinado nos dias passados, era um grande
defensor da ab-rogação dessa lei e, muito provavelmente, esta foi a causa de sua morte.
Em seu discurso de ontem, aos diplomatas, Bento XVI observou que a lei antiblasfêmia
"serve como pretexto para a prática de injustiças e violências contra as minorias
religiosas".
O secretário-geral do Jamaat-e-Islami, Liaquat Baloch, ameaçou
que, se as autoridades tentarem mudar a lei, "não só perderão o poder, mas também
não encontrarão espaço no país, e nem Washington poderá ajudá-las".
O grupo
Jamaat-e-Islami liderou a frente islâmica em relação ao caso de Asia Bibi, a mulher
cristã condenada à morte por blasfêmia. A organização também lançou uma maciça campanha
nacional de apoio à lei antiblasfêmia, com mobilizações nas principais cidades do
país.
Considerado o grupo fundamentalista local mais antigo, o Jamaat-e-Islami
tem entre seus objetivos a criação de um Estado islâmico regido pelas leis do Alcorão.
(AF)