Comentário do Padre Lombardi ao discurso do Papa ao Corpo Diplomático
(11/1/2011) “Com o discurso ao Corpo Diplomático, o Papa acrescentou um novo capítulo
de grandíssima importância ao decidido empenho a favor da liberdade religiosa no mundo.
Empenho que, embora sempre vivo, nos últimos meses se foi tornando cada vez mais incisivo
nas declarações públicas das mais altas autoridades da Igreja Católica. Esta a reflexão
do Padre Federico Lombardi, director da Sala de imprensa da Santa Sé, que em declarações
á Rádio Vaticano salienta a este propósito que basta recordar as intervenções do Papa
por ocasião do Sínodo para o Médio Oriente, o seu grande discurso em Londres, no Westminster
Hall, os recentes apelos depois dos trágicos atentados contra igrejas cristãs no Iraque
e no Egipto; ou a intervenção do Cardeal Secretário de Estado na Cimeira da Organização
para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), em Astana.
Se a recente
Mensagem para o Dia Mundial da Paz tinha finalmente oferecido um amplo panorama sobre
os fundamentos do direito à liberdade religiosa e sobre a necessidade de a tutelar
perante os riscos e ataques – tanto violações concretas e dramáticas, como também
posições negativas, de origem ideológico-cultural, com consequências jurídicas – o
discurso ao Corpo Diplomático ofereceu agora uma impressionante série de indicações
sobre os lugares e situações em que este direito é abertamente violado, ou posto em
questão de modo mais ou menos explícito e radical . Não se pode criticar o Papa por
não ter falado claramente!. Toda a gente pode entender sem dificuldade o que ele tem
dito. Há que observar ainda que , enfrentando este tema, o Papa se coloca no coração
da sua missão. Nunca esquecemos que no primeiro discurso do pontificado, na Capela
Sistina, Bento XVI indicava Deus e a relação do homem com Deus, como a primeira das
prioridades. É portanto daqui que parte cada empenho, seu e da Igreja, ao serviço
da pessoa e da comunidade humana. Mesmo a presença da Igreja no mundo das relações
internacionais visa antes de mais promover a causa de Deus como garante da causa do
homem. O modo explícito e corajoso como o Papa Bento desempenha o seu serviço
de proposta do direito à liberdade religiosa para todos, encorajando para tal o diálogo
inter-religioso e o empenho de todas as autoridades religiosas e civis, na convicção
de servir assim eficazmente a dignidade da pessoa humana e a paz, e defendendo a liberdade
da presença construtiva e benéfica e do testemunho cristão no mundo e na cultura de
hoje, está a tornar-se, sem dúvida, um dos traços característicos deste pontificado
e da sua missão histórica."