Apoiar as famílias na difícil missão de educar na fé: Bento XVI na Missa celebrada
na Capela Sistina, com a administração do Baptismo a 21 crianças. Ao meio-dia, ao
Angelus, Papa recorda com afecto a população do Haiti, a um ano do terrível terramoto
No actual contexto social de rápidas transformações culturais, é mais do que nunca
necessário que as paróquias apoiem as famílias, pequenas Igrejas domésticas, na missão
de educar para a fé: advertiu Bento XVI, na homilia da missa celebrada na Capela Sistina,
na festa do Baptismo do Senhor, durante a qual baptizou 21 crianças, filhas de empregados
do Estado do Vaticano. Observando que para as crianças agora baptizadas tem início
“um caminho de santidade e de conformação com Jesus, uma realidade que neles é depositada
como a semente de uma árvore esplêndida, que há que fazer crescer”, o Papa reconheceu
que será sem dúvida necessário depois uma adesão livre e consciente a esta vida de
fé e de amor. “Para tal, é necessário que, depois do Baptismo, (estas crianças)
sejam educadas na fé, instruídas segundo a sabedoria da Sagrada Escritura e os ensinamentos
da Igreja, para que nelas cresça o gérmen da fé que hoje recebem e possam alcançar
a plena maturidade em Cristo”. A Igreja, juntamente com os pais e padrinhos,
tem que assumir a responsabilidade de acompanhar as crianças agora baptizados neste
caminho de crescimento – sublinhou Bento XVI. “A colaboração entre comunidade
cristã e família é mais do que nunca necessária no actual contexto social, em que
a instituição familiar se encontra ameaçada de várias partes, confrontando-se com
múltiplas dificuldades na sua missão de educar na fé. O desaparecer de referências
culturais estáveis e a rápida transformação a que a sociedade se encontra continuamente
sujeita, tornam realmente árduo o empenho educativo”.
Na primeira
parte da homilia, Bento XVI comentou o Evangelho do baptismo de Jesus no rio Jordão,
fazendo notar que se tratava de “um sinal de penitência que chamava à conversão do
pecado”. Embora designado como “baptismo”, não tinha o valor sacramental do nosso
rito baptismal, pois só com a sua morte e ressurreição Jesus instituiu os Sacramentos,
fazendo nascer a Igreja. Sujeitando-se ao rito penitencial do baptismo no rio
Jordão, Jesus abaixa-se, fazendo-se um de nós. “O baptismo de Jesus, de que hoje fazemos
memória, coloca-se nesta lógica de humildade. Ele, sem pecado, deixa-se tratar como
pecador, para carregar aos seus ombros o peso do pecado de toda a humanidade”. Isto
para estabelecer plena comunhão com a humanidade, no desejo de realizar uma verdadeira
solidariedade com o homem e com a sua condição”.
“O gesto de Jesus
antecipa a Cruz, a aceitação da morte pelos pecados do homem. Este acto de abaixamento
com que Jesus se quer uniformizar totalmente ao desígnio de amor do Pai, manifesta
a plena sintonia de vontade e de intentos que existe entre as pessoas da Santíssima
Trindade. Por tal acto de amor, o Espírito de Deus manifesta-se como pomba e desce
sobre Ele. Naquele momento, o amor que une Jesus ao Pai é testemunhado… por uma voz
do alto, que todos ouvem. (…) Esta palavra do Pai alude também, antecipadamente, à
vitória da ressurreição”.
Na alocução dirigida, ao meio-dia, aos
fiéis congregados na Praça de São Pedro, Bento XVI reevocou a cena do baptismo de
Jesus, com o que representa também de luz e orientação para os cristãos baptizados: “O
Baptismo é o início da vida espiritual, que encontra a sua plenitude por meio da Igreja.
Na hora propícia do Sacramento, ao mesmo tempo que a Comunidade eclesial reza e confia
a Deus um novo filho, os pais e padrinhos comprometem-se acolher o neo-baptizado apoiando-o
na formação e educação cristã. / É uma grande responsabilidade, que deriva de um grande
dom! Desejo portanto encorajar todos os fiéis a redescobrirem a beleza de serem baptizados
e de dar um testemunho feliz da própria fé, para que esta gere frutos de bem e de
concórdia”.
Após a recitação do Angelus, e ainda “no contexto da
oração mariana”, Bento XVI recordou a população do Haiti, a um ano do terrível terramoto,
a que infelizmente se seguiu depois, também, uma grade epidemia de cólera. O Papa
informou ter enviado àquele Ilha das Caraíbas o cardeal Robert Sarah, presidente do
Conselho Pontifício “Cor Unum”, para exprimir a sua constante proximidade, assim como
a de toda a Igreja.