Londres, 07 jan (RV) – Depois do terremoto e da epidemia de cólera, a população
do Haiti está tendo de enfrentar o aumento da violência sexual. Segundo dados de um
relatório divulgado ontem, em Londres, pela Organização Não-Governamental Amnistia
Internacional, houve um crescimento significativo dos casos de violência sexual contra
mulheres no país.
Em entrevista à Rádio Vaticano, o porta-voz da seção italiana
dessa Organização, Riccardo Noury, disse que está muito perigoso para as mulheres
andarem nas ruas, não somente à noite – quando é mais arriscado -, mas durante o dia
também. Ele classificou a situação de dramática, uma situação que acrescenta “mais
dor à dor já existente”.
Nos primeiros cinco meses sucessivos ao terremoto,
foram registrados 250 casos de estupros, o que daria uma média de mais de um por dia.
Isso só para os denunciados, porque, por falta de confiança nas forças policiais,
muitas mulheres não vão às autoridades dar queixa dos agressores. Segundo Noury, há
também, à parte dos dados oficiais, um grupo de suporte às mulheres que recebe, todos
os dias, pelo menos, uma denúncia de violência sexual.
Para o porta-voz da
Amnistia, para tentar-se resolver esse problema, as Organizações Internacionais não
devem negligenciar a urgência de proteção para meninas e mulheres, e o governo eleito
deve garantir a presença policial dentro dos campos onde moram um milhão de pessoas
que ficaram desabrigadas após o terremoto.
Outra medida apontada pelo representante
da ONG como sendo importante para por fim às violências sexuais, é a punição dos agressores.
“Mesmo que o sistema esteja em colapso – disse ele -, não é possível que, um ano após
a tragédia natural, continue esse escândalo dos estupros.”
Ele denunciou a
negligência para com as questões de direitos humanos no país, onde, mesmo antes do
terremoto, a violência sexual já era endêmica, inclusive praticada contra meninas.
Questionado sobre as previsões para o futuro, Riccardo falou em que, caso
o governo local e a comunidade internacional não intervenham com urgência, haverá
uma piora da situação geral do país, agravada pelo fato de que muitas pessoas que
tinham migrado para a vizinha República Dominicana estão voltando. (ED)