ATENTADO NO EGITO: COMENTÁRIO DE PADRE SAMIR, ESTUDIOSO DO ISLÃ
Roma, 03 jan (RV) - O estudioso jesuíta do Islã, Pe. Samir Khalil Samir, divulgou
uma nota relativa ao atentado perpetrado, no último dia 1°, contra a comunidade cristã
copta, em Alexandria, no Egito.
Segundo o estudioso, observa-se no Egito, uma
crescente tensão entre muçulmanos e cristãos. O país é o centro do fundamentalismo
islâmico que, nos últimos anos, se tornou mais forte porque a autoridade política
leiga é fraca. "Os fundamentalistas buscam explorar a atual crise econômica para enfraquecer
a posição do Governo. Através de ataques terroristas buscam enfraquecer o Governo
e tomar o poder de maneira definitiva" – frisa o jesuíta.
"Isso nos entristece
porque a sociedade egípcia não é bem educada e considera a religião de maneira muito
simples. Também isso ajuda os fundamentalistas a ganharem consenso através da inspiração
de conflitos e ações contra a população cristã" – disse ainda o sacerdote.
"O
objetivo é criar um clima de conflitos para a desestabilização do Governo. Os cristãos
são somente um pretexto para reforçar a posição dos fundamentalistas islâmicos" –
disse Pe. Samir.
O sacerdote ressalta que numerosos intelectuais, representantes
do Islã, condenam os ataques contra os cristãos. "O período de preparação do Natal,
celebrado no Egito segundo o calendário copta na noite de 6 e 7 deste mês, estava
previsto como um período espiritual, marcado pela oração e jejum. Ao mesmo tempo,
nós no Egito, estamos conscientes de que somos a Igreja dos mártires. Hoje, novamente
devemos estar prontos para dar a vida para defender a fé" – ressalta na carta Pe.
Samir.
O jesuíta recorda que os coptas "são uma população originária desta
terra, provenientes dos antigos cidadãos do Egito e dizem de si mesmos: Somos os descendentes
dos faraós. Todos são inclusive os muçulmanos, e também os políticos. Para os coptas,
os muçulmanos são uma população forasteira, imigrada" – frisa o sacerdote.
"Durante
anos estas populações viveram num clima de paz. As discriminações e as perseguições
começaram com o nascimento do Islã radical, cerca 40 anos atrás. Isto se nota também
nas discriminações da legislação. Os cristãos pedem somente igualdade social, que
não é garantida pela lei islâmica" - conclui Pe. Samir. (MJ)