Cidade do Vaticano, 1° jan (RV) - Neste início do ano, a liturgia da Solenidade
de Maria Mãe de Deus inicia com um texto sobre bênção. Abençoar siginifica invocar
sobre alguém ou alguma coisa a proteção, a vida, a paz, enfim, o favor de Deus. Sua
força não depende de quem a invoca, mas do poder e da vontade de Deus, o parceiro
do homem!
É importantíssimo alertar que bênção não é sinônimo de magia. Ela
significa que os homens abençoados terão as mesmas dificuldades, os mesmos contratempos
dos não abençoados, contudo eles terão a luz da fé para enfrentar as adversidades
e, como diz São Paulo, entenderão que: “tudo colabora para os que estão no benquerer
de Deus”.
Javé abençoa e guarda; Javé manifesta sua graça e benevolência, a
plenitude de bens; Javé dê a paz. No Natal falamos muito da paz, de Jesus é o Príncipe
da Paz e neste 1º dia do ano celebramos o Dia Mundial da Paz. A última invocação da
tríplice bênção do dia de hoje invoca sobre o abençoado a paz.
No Evangelho
Lucas nos apresenta Maria como aquela que reflete, que discerne, ao dizer que ela
“guardava todos esses fatos e meditavasobre eles em seu coração”. Quanta sabedoria!
Quantas energias não pouparíamos e quanto tempo não ganharíamos se aprendessemos com
Nossa Senhora a refletir sobre os acontecimentos, sobre o que nos falam, sobre nossas
expectativas e a reação das pessoas! Quantos momentos de paz não teríamos vivido se
refletíssimo sobre os acontecimentos de nosso dia a dia e, neles, discerníssemos a
ação de Deus, mesmo através de fatos obscuros!
Na visita ao menino Jesus, os
pastores encontraram um casal José e Maria e seu bebê, Jesus. Nada de extraordinário,
mas exatamente por causa do anúncio do Anjo viram, na simplicidade do Menino, alguém
do jeito deles, o Salvador deles, o Deus conosco.
A imposição do nome Jesus,
Javé Salva, certifica de que ele veio para salvar não apenas os pastores, o povo judeu,
mas a humanidade inteira, sempre privilegiando os pobres e marginalizados; Queiramos
ou não, o Verbo poderia ter-se encarnado como rico, classe média, onde e como lhe
aprouvesse. Contudo, foi como pobre, com os pais em trânsito, excluído de um teto,
usando emprestada como berço uma manjedoura que ele quis vir ao mundo e desse modo
quis viver seus 33 anos e morrer, também excluído, fora da cidade, entre dois malfeitores,
como malfeitor e sendo executado com a morte adequada aos escravos que deveriam ser
castigados. E é desse modo que ele salva todos nós e nos inclui no número dos redimidos,
dos eleitos, dos filhos de seu Pai.
Uma vez filhos de Deus, pelo sangue de
Jesus, vivamos como tal. Esse convite nos é feito por São Paulo na segunda leitura. Quis
são as formas de escravidão que existem em nosso mundo e nos deixamos cativar? O que
fazer para não perdermos nossa identidade de homens livres, de filhos de Deus? Certamente
sermos irmãos de todos, lutarmos não apenas pela solidariedade, mas pela fraternidade
irá nos assegurar a dignidade real recebida no dia de nosso batismo, no dia de nosso
resgate. Além do mais somos da paz e a paz só existe quando a justiça é realizada.
Ao
lutarmos pelo bem comum, pela justiça, lutamos pela paz e sinalizamos que somos filhos
do Pai, irmãos de Jesus, o Príncipe da Paz e, na verdade, lutamos pela instauração
do Reino de Deus, Reino de Justiça, do Amor e da Paz. (CAS)