Lisboa, 27 dez (RV) - O Natal vivido na Europa ou nas “Américas ‘pagãs’ e consumistas”
e no “Médio Oriente majoritariamente muçulmano” é vivido com “uma grande analogia”:
“em ambos os mundos se vive o verdadeiro cristianismo em contexto ‘minoritário’”.
Para
Adel Sidarus, cristão originário do Egito, docente e investigador universitário e
residente em Portugal, a “mensagem natalícia num meio muçulmano” enfrenta uma cultura
onde impera uma imagem do divino “essencialmente transcendente e onipotente” e em
que “a crença no Filho de Deus feito homem soa como politeísmo e blasfêmia, passível
de retaliação violenta”.
No artigo que redigiu para o dossiê “Natal” do semanário
da Agência ECCLESIA, o professor universitário assinala que no Alcorão, livro sagrado
dos muçulmanos, Jesus é tido como “um profeta muito particular”, um “espírito” de
Deus que foi “soprado” no seio da Virgem Maria.
Para o mundo do Islã, refere
o autor, “o Natal é simplesmente a comemoração do nascimento desse profeta ‘misterioso’”.
À
semelhança do Natal cristão, o nascimento de Cristo no universo muçulmano celebra
“o mistério do amor que liga o Deus-Criador, transcendente e onipotente, à sua humilde
e ‘infanta’ criatura”. Ao mesmo tempo que lança um convite à rejeição da “vaidade”,
“orgulho”, “prepotência” e “violência”, a festa destaca a “bondade”, “solidariedade”
e “confiança na misericórdia de Deus”.
Adel Sidarus lembra que, para os muçulmanos,
Jesus e a sua mãe foram as “únicas criaturas” geradas sem “‘serem tocadas por Iblís
(o Diabo)’”, crença que evoca o dogma da Imaculada Conceição, comemorado pela Igreja
Católica no dia 8 de dezembro.
“Há que frisar – destacou Adel - que os muçulmanos
acreditam, desde os inícios do século VII, na “imaculada concepção” da Virgem Maria,
isto é, mais de doze séculos antes da proclamação católico-romana do respectivo dogma
(1854)”. (SP)