BENTO XVI: IMITAR A SAGRADA FAMÍLIA PARA SUPERAR COM AMOR AS DIFICULDADES
Cidade do Vaticano, 26 dez (RV) - Bento XVI assomou ao meio-dia deste domingo
à janela de seus aposentos – que dá para a Praça São Pedro – para rezar com milhares
de fiéis, peregrinos e turistas a oração mariana do Angelus.
O Pontífice
convidou a acolher como "modelo de vida" a Sagrada Família – cuja festa a Igreja celebra
neste domingo – para superar no amor as provações e preocupações. Em seguida, ressaltou
como é importante que toda criança, vindo ao mundo, seja acolhida pelo amor do pai
e da mãe. Por fim, lançou um novo apelo de paz após as violências anticristãs verificadas
na Nigéria e nas Filipinas.
De fato, na alocução que precedeu a oração dominical,
o Santo Padre centralizou sua mensagem no tema da Sagrada Família. Partindo do Evangelho
de hoje, o Pontífice ressaltou que São Lucas nos fala dos pastores de Belém, que após
receberem do anjo o anúncio do nascimento do Messias, "foram então às pressas, e encontraram
Maria, José e o recém-nascido deitado na manjedoura" (2, 16).
O Papa frisou
que, portanto, às primeiras testemunhas oculares do nascimento de Jesus se apresentou
a cena de uma família; mãe, pai e o recém-nascido. Por isso – explicou – a Liturgia
nos propõe, no primeiro domingo após o Natal, a festa da Sagrada Família.
Ressaltando
que este ano essa festa se dá justamente no dia seguinte ao de Natal e que esta prevalece
sobre a festa de Santo Estevão, protomártir, o Papa convidou a contemplar a cena da
Sagrada Família na Gruta de Belém: "o menino Jesus se mostra no centro do afeto e
da ternura de seus pais". Maria e José guardam em seus corações o mistério do nascimento
do Filho de Deus:
"E, no entanto, o nascimento de toda criança traz consigo
algo desse mistério! E bem sabem disso os pais que a recebem como um dom e que, comumente,
assim falam dela. Já aconteceu com todos nós ouvir dizer a um pai e a uma mãe: "Esta
criança é um dom, um milagre!"."
"De fato – afirmou o Santo Padre – os seres
humanos vivem a procriação não como mero ato reprodutivo, mas percebem a sua riqueza,
intuem que toda criatura humana que vem ao mundo é o "sinal" por excelência do Criador
e Pai que está nos céus":
"Como então é importante que toda criança, vindo
ao mundo, seja acolhida pelo calor de uma família! Não importam as comodidades exteriores:
Jesus nasceu numa estrebaria e teve uma manjedoura como primeiro berço, mas o amor
de Maria e de José o fez sentir a ternura e a beleza de ser amados. As crianças precisam
disso: do amor do pai e da mãe. É isso que lhes dá segurança e que, no crescimento,
permite a descoberta do sentido da vida."
O Papa recordou que a Sagrada Família
de Nazaré passou muitas provações, como a fuga para o Egito, mas que, confiando na
Divina Providência, assegurou a Jesus "uma infância serena e uma sólida educação".
A
Sagrada Família – acrescentou – "é certamente singular e irrepetível, mas, ao mesmo
tempo, é "modelo de vida" para toda família" que à luz desse exemplo é chamada a enfrentar
problemas e preocupações "com profundo amor e recíproca compreensão".
Dito
isso, o Santo Padre acrescentou:
"Portanto, confiemos a Nossa Senhora e a São
José todas as famílias, afim de que não se desencorajem diante das provações e das
dificuldades, mas cultivem sempre o amor conjugal e se dediquem com confiança ao serviço
da vida e da educação."
Após a oração do Angelus, o Pontífice recordou
com tristeza as violências que continuaram atingindo também nestes dias de festa os
cristãos, como "o atentado numa igreja católica nas Filipinas, no momento em que celebravam
os ritos do dia de Natal", e "o ataque a igrejas cristãs na Nigéria". Bento XVI ressaltou
que "a terra manchou-se mais uma vez de sangue em outras partes do mundo, como no
Paquistão":
"Desejo expressar o meu profundo pesar pelas vítimas destas absurdas
violências, e repito mais uma vez o apelo a que se abandone o caminho do ódio para
se encontrar soluções pacíficas aos conflitos e oferecer segurança e serenidade às
caras populações. Neste dia em que celebramos a Sagrada Família, que viveu a dramática
experiência de ter que fugir para o Egito por causa da fúria homicida de Herodes,
recordamos também todos aqueles – em particular as famílias – que são obrigados a
abandonar as suas casas por causa da guerra, da violência e da intolerância. Portanto,
convido-os a se unirem a mim na oração para pedir com veemência ao Senhor que toque
o coração dos homens e leve esperança, reconciliação e paz."
Após a saudação,
em várias línguas, aos diversos grupos de fiéis, peregrinos e turistas presentes na
Praça São Pedro, o Pontífice reiterou seus votos de Boas Festas desejando a todos
um bom domingo. O Santo Padre concedeu a todos a sua Bênção Apostólica.
Nosso
colega Alberto Goroni entrevistou alguns dos presentes na Praça São Pedro, entre os
quais, o Pe. Jader Francisco, do clero da Arquidiocese de Brasília. Pe. Jader falou-nos
sobre a importância da família para a sociedade e para a Igreja: (RL)