2010-12-23 18:52:41

BENTO XVI SOBRE O NATAL: HÁ DOIS MIL ANOS A NOVIDADE DE UM ENCONTRO COM O SENHOR DEUS-MENINO


Cidade do Vaticano, 23 dez (RV) - Reencontrar a "disposição do coração" que permite viver a essência do Natal. O encontro com Aquele que vem morar no meio de nós: Cristo Jesus, o Filho de Deus feito homem". Com essas palavras, Bento XVI explicara – na audiência geral desta quarta-feira – a atitude com a qual os cristãos devem se predispor ao Natal.

Trata-se do tema do encontro do homem com o Senhor Deus-Menino, que o Papa reiteradas vezes abordou em suas reflexões sobre a Natividade, como destacamos a seguir.

Em todo Natal é a mesma história, mas não a história que começou uma noite de dois mil anos atrás, em Belém. Em todo Natal o que normalmente nasce é a vontade de concluir um ano o mais possível sem preocupações, e nisso o ímpeto comercial do Natal se oferece como um lugar ideal sempre fascinante e, francamente, sempre igual a si mesmo.

O Natal de dois mil anos atrás não tinha nenhuma marca autocelebrativa, se se excetua uma bonita estrela despontada no céu. E foram realmente poucos os que intuíram encontrar-se no alvorecer de um novo mundo, onde o céu e a terra se haviam há pouco tocado.

Um fato simples e claro, narrado pelos Evangelhos, demonstra o que realmente se deu naquela que Bento XVI definiu na audiência geral desta quarta-feira como sendo "a noite do mundo": deu-se um encontro.

Um encontro entre um recém-nascido e um grupo de pastores, uma humilde amostra da raça humana, onde o Deus Menino fez amizade com aqueles para os quais viera e pela primeira vez os homens contemplaram, sem sabê-lo, Aquele que os haveria de salvar.

Então, para celebrar realmente o Natal não há alternativa: é preciso chegar a esse encontro, silenciando o barulho e o stress festivo em vista de um Nascimento que não é uma marca, mas um mistério, o qual correria o risco de passar inobservado:

"Deus mostra-se a nós humilde "criança" para vencer a nossa soberba. Talvez nos rendêssemos mais facilmente diante da potência, diante da sabedoria; mas Ele não quer nossa rendição; Ele apela ao nosso coração e à nossa livre decisão de aceitar o seu amor. Fez-se pequeno para libertar-nos daquela pretensão humana de grandeza que brota da soberba; livremente encarnou-se para tornar-nos verdadeiramente livres, livres de amá-lo." (Audiência Geral, 17 de dezembro de 2008)

Todavia, há quem rejeite a liberdade de amar aquela Criança: por calculado desprezo ou soberana indiferença e todo outro sentimento que possa existir. Não obstante o anseio por esse encontro jamais tenha desaparecido dos corações:

"De certo modo a humanidade espera Deus, a sua proximidade. Mas quando chega o momento, não há lugar para Ele. Encontra-se tão ocupada consigo mesma, precisa de todo o espaço e de todo o tempo de modo muito exigente para os próprios afazeres, de modo que não sobra nada para o outro – para o próximo, para o pobre, para Deus." (Missa da Noite de Natal, 25 de dezembro de 2007)

Mas Deus – afirmou Bento XVI – não se deixa fora desse encontro. "O mistério de Belém revela-nos o Deus conosco, o Deus próximo a nós, não simplesmente em sentido espacial e temporal; Ele nós é próximo porque "desposou", por assim dizer, a nossa humanidade":

"Portanto, a alegria cristã brota desta certeza: Deus se faz próximo, está comigo, está conosco, na alegria e na dor, na saúde e na doença, como amigo e esposo fiel. E essa alegria permanece também na provação, no próprio sofrimento, e permanece não na superfície, mas no profundo da pessoa que se entrega a Deus e n'Ele confia." (Angelus, 16 de dezembro de 2007)

Os cristãos, que mais que os outros deveriam ser capazes de trocar o rumor pelo silêncio da gruta de Belém, são convocados, ano após ano, a renovar o encontro, tendo a "justa disposição do coração" – repetiu o Papa na Audiência Geral desta quarta-feira:

"Cabe a nós abrir, escancarar as portas para acolhê-lo. Aprendamos de Maria e José: coloquemo-nos com fé a serviço do desígnio de Deus. Embora não o compreendamos plenamente, confiemo-nos à sua sabedoria e bondade. Busquemos, em primeiro lugar, o Reino de Deus, e a Providência nos ajudará. Bom Natal a todos!" (Angelus, 20 de dezembro de 2009) (RL)







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