BARTOLOMEU I: CONTINUAREMOS DIALOGANDO COM O PAPA E O ISLÃ
Istambul, 21 dez (RV) - O Patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu
I, pronunciou – na vigília das festividades natalinas – um importante discurso diante
de um público particularmente qualificado do mundo ortodoxo, defendendo a escolha
do diálogo inter-religioso por parte do Patriarcado ecumênico.
"Nós insistiremos
no diálogo, apesar de sermos criticados" – disse. "Existe um certo fundamentalismo
religioso, um fenômeno, infelizmente, trágico, que se encontra tanto entre ortodoxos
e católicos quanto entre muçulmanos e judeus".
O Patriarca precisou: "Sofremos
críticas e ataques porque mantemos relações com o Papa, porque somos convictos defensores
do diálogo ecumênico entre ortodoxos e católicos, com o Islã e com o mundo judaico.
Mas continuaremos seguindo adiante pela nossa estrada, segundo o caminho traçado por
nossos predecessores, conscientes do nosso trabalho e independentemente das críticas
das quais somos alvo".
"Esses setores caracterizados por posições extremistas
encontram-se em todos os lugares – observou. Portanto, é natural que soframos suas
críticas – segundo seus ditames ideológicos – todos nós que buscamos ter horizontes
abertos e uma visão teológica das coisas. Porque queremos a coexistência pacífica
de todos, baseada nos princípios da caridade e da amizade." -Bartolomeu I acrescentou:
"Este é o credo do Patriarcado ecumênico e quero recordar-lhes que em 1920 o regente
da sede patriarcal, junto ao Sínodo, endereçou aos católicos e aos protestantes uma
encíclica, denominada "A comunidade das Igrejas", à luz do modelo da então há pouco
nascida "Sociedade das nações"".
Essa encíclica é hoje considerada pelo Conselho
Mundial de Igrejas como a "Carta" do movimento ecumênico do nosso tempo. Ademais,
o Patriarca reiterou que "o diálogo inter-religioso é o credo do Patriarcado.
É
preciso conhecer-se melhor, trabalhar juntos respeitando o credo religioso dos outros,
a sua identidade cultural, sem prepotência. Esse é o único modo para viver em paz
– ponderou.
Por esse motivo o Patriarcado, além de manter um diálogo com outras
Igrejas e confissões cristãs, há 25 anos iniciou um diálogo com o Islã e com o Judaísmo.
Com os muçulmanos e os judeus – os nossos irmãos – não se discute sobre questões puramente
teológicas, na medida em que seria mais difícil. Mas se discute questões sociais,
questões a que são sensíveis todas as pessoas, toda a humanidade, no mundo inteiro.
(RL)