2010-12-17 12:41:13

PAPA AOS DIPLOMANTAS: O VALOR DA FRATERNIDADE


Cidade do Vaticano, 17 dez (RV) - Uma “lição” sobre um princípio fundamental e, muitas vezes maltratado pela política e pela diplomacia, a fraternidade humana, em prol de outros valores mais universalmente populares: foi o que fez Bento XVI na manhã desta quinta-feira aos cinco novos embaixadores junto à Santa Sé do Nepal, Zâmbia, Andorra, Ilhas Seychelles e Mali, recebidos em audiência para a apresentação das Cartas credenciais.

A mobilização mundial pró-Haiti, que durou um ano inteiro, em síntese demonstrou muito mais do que muitas palavras: não existe verdadeira comunidade internacional, sem o mútuo apoio entre as nações. No entanto, - observou Bento XVI, não sem alguma decepção - , que a fraternidade humana nas relações entre os Estados é pouco reconhecida nas palavras e quase nada praticada. Isto porque, afirmou o Papa, mas sendo “bonito”, este ideal encontrou no desenvolvimento do pensamento filosófico e político pouca ressonância em relação a outros ideais como liberdade, igualdade, progresso e unidade. Trata-se de um princípio que se manteve em grande parte letra morta nas sociedades políticas modernas e contemporâneas, especialmente por causa da influência exercida pelas ideologias individualistas ou coletivistas”.

Para viver com dignidade, repetiu o Papa, “todos os seres humanos precisam de respeito”, e portanto que a justiça e os direitos “sejam explicitamente reconhecidos”. No entanto, acrescentou, “isso não é suficiente para levar uma vida plenamente humana: de fato, a pessoa também precisa da fraternidade”. E mesmo se, destacou o Papa, a globalização aproxima os homens uns dos outros, isso não significa que os “torna irmãos”.

Em seu discurso, ao embaixador do Nepal, Suresh Prasad Pradhan, o Papa manifestou a esperança de que o novo curso político no país possa ajudar a trazer estabilidade, prosperidade e harmonia para o futuro do Nepal. E encorajou o Nepal a continuar na afirmação dos ideais democráticos e na promoção dos direitos humanos e liberdades fundamentais. O Papa falou ainda sobre a contribuição que a minoria católica oferece ao bem comum da sociedade nepalesa, em particular através da educação e atividades caritativas. O Papa auspiciou que o governo continue a apoiar a presença da Igreja no campo da saúde e educação. Bento XVI concluiu seu discurso com a esperança de que o espírito de tolerância prevaleça, e se reforçe o diálogo e a cooperação entre os católicos nepaleses e os cidadãos de outras religiões.

Sobre a necessidade de justiça e solidariedade, especialmente para com os mais desfavorecidos, Bento XVI falou em seu discurso ao novo embaixador da Zâmbia junto à Santa Sé, Royson Mukwena Mabuku. Em particular, o Papa defendeu mais uma vez o direito fundamental e inviolável à vida, que a Igreja - disse – “continua a defender, sem exceção” da concepção à morte natural. O Papa também lançou o seu olhar para a questão da situação econômica da Zâmbia: a Santa Sé, afirmou, encoraja os esforços no setor agrícola e espera que o crescimento econômico, se conjuge com a melhoria das condições de vida da população, especialmente no que diz respeito à saúde, infra-estruturas e oportunidades educativas. Por sua vez, a Igreja, assegurou Bento XVI, continuará a contribuir ativamente na luta contra a malária e AIDS no campo da educação à prevenção e do desenvolvimento do conceito de higiene e cuidados pessoais, bem como promovendo ao mesmo tempo a responsabilidade moral e a fidelidade matrimonial como instrumento para deter a propagação do vírus HIV.

Com o Embaixador do Principado de Andorra, Miquel Ángel Canturri Montanya, Bento XVI, falou, entre outras coisas sobre o aspecto da recente evolução demográfica registada pelo pequeno país, localizado entre a França e a Espanha, e com uma área territorial que não chega a 500 km ². Muitos jovens do Principado, observou o Papa, estão retornando às suas origens e isto comporta “uma necessária tomada de consciência e responsabilidade por parte das instituições”, pois “a harmonia social, que poderia ser desequilibrada, não está ligada apenas a um quadro legislativo adequado e equitativo, mas também à qualidade moral de cada cidadão”. Esta consideração levou Bento XVI a reafirmar o conceito de bem comum como valor pelo qual é necessário lutar com “determinação firme e perseverante”. Os princípios éticos, acrescentou, permitem consolidar a democracia e os habitantes de Andorra viver “os milenares valores positivos, valores impregnados de cristianismo, e de cultivar e de preservar a sua identidade”.

Um país onde muito já foi alcançado em termos de paz, prosperidade econômica e estabilidade política e social é a República das Seychelles. Estes objectivos – reconheceu o Papa na presença do novo embaixador junto à Santa Sé do Estado asiático, Fock Vivienne Tave - foram alcançados somente graças à contribuição de todos na esfera política e social, nos setores público e privado. O desenvolvimento, destacou porém Bento XVI, não deve ser apenas material mas também espiritual e deve ser baseado na solidariedade humana que, afirmou, tem a suas raízes na instituição familiar.

Finalmente, com o diplomata Boubacar Sidiki Touré, novo representante do Mali junto à Santa Sé, Bento XVI recordou os 50 anos de independência celebrado em 2010. No campo social e democrático, há muito ainda a ser feito, disse o Pontífice. Os principais objetivos, destacou, são certamente a paz civil e o direito de acesso aos alimentos, mas também lutar contra qualquer tipo de discriminação, seja étnica ou religiosa, e do individualismo crescente. A esperança, disse Bento XVI, reside nas novas gerações, portanto se deve investir na sua formação: um campo no qual a Igreja, concluiu o Papa, oferece há muito tempo uma excelente contribuição. (SP)








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