Rio de Janeiro, 17 dez (RV) - O tempo do Advento é um tempo de expectativa,
e o cristão é chamado a vivê-lo em plenitude para atualizar a acolhida do Mistério
da Encarnação na história de hoje e, assim, receber dignamente o Senhor.
Temos
oportunidade de participar da Eucaristia com os temas que nos fazem aprofundar este
momento litúrgico, acompanhamos pela Liturgia das Horas e agora, a partir do dia 17
de dezembro, na semana de preparação próxima do Natal com textos que caracterizam
a nossa cultura e abertura para a celebração cristã do Natal como as famosas “antífonas
em Ó”. Presépios, músicas, enfeites também caracterizam este tempo, que convida a
humanidade a agradecer a Deus pelo seu Amor para conosco. Popularmente em nosso país,
a novena de Natal é a oportunidade de preparação já inserida em nossa tradição católica.
Somos chamados a exercitar a vigilância na fé e na oração. Participar da Celebração
Eucarística neste tempo significa acolher e reconhecer o Senhor Jesus, que continuamente
vem ficar no meio de nós e segui-Lo no caminho que leva ao Pai, a fim de que, com
sua vinda gloriosa no fim dos tempos, nos introduza todos juntos ao Reino, para fazer-nos
tomar parte na vida eterna, com os Bem Aventurados, Santos e Santas do céu.
A
celebração penitencial é colocada como uma oportunidade concreta de conversão para
que possamos preparar as nossas mentes e corações para abrigar profundamente o Senhor
que veio, virá e vem. Tivemos também a coleta nacional para a evangelização que nos
convocou a assumir nossa responsabilidade e compromisso batismais.
Portanto,
são inúmeras as maneiras em que a Igreja incentiva seus filhos a se prepararem bem
para a Solenidade do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. A novena de Natal, geralmente
realizada nas semanas que o antecedem, nos proporciona uma expectante espera de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Nesses nove dias a Igreja nos convida a nos centrarmos mais no
Senhor, fixando nele e somente nele nossos olhares, e, com Maria Santíssima e são
José, aprendermos do Cristo como se vive segundo a vontade do Pai que está nos céus.
Que sonho nos é despertado mais uma vez: uma humanidade reconciliada, um mundo
de paz, uma criação em harmonia! Eis o sonho do povo com a vinda do Messias, e eis
o dom que ele traz! São Paulo diz na Carta aos Romanos que Cristo realiza este sonho
prometido. A primeira reconciliação que Ele trouxe foi unir num só povo, numa só humanidade,
o que antes era dividido.
Não nos esqueçamos de que o Natal é um tempo de escuta
e de aproximação do Filho de Deus. Uma proposta de vida nova. Um novo estilo radical
de vida. Que sejamos colaboradores e motivadores da cultura da paz, onde Cristo exerce
sua força e traduz o seu amor misericordioso. Aproveitemos desses elementos de preparação
para o Natal e, a exemplo de Maria, digamos: “Eis aqui a serva do Senhor”.
Que
as atitudes de preparação nos levem a uma escuta aprofundada e comprometida da Palavra
do Senhor e seja a oportunidade de crescermos em nosso caminho de seguimento a Cristo
e a Trindade. Sejamos vigilantes e não cedamos às tentações do mundo que tendem a
nos afastar do Deus vivo; corramos ao encontro do Filho de Deus para alcançarmos a
salvação; acreditemos e trabalhemos por dias melhores, empenhando nossas energias
para responder ao dom da graça e, assim, testemunhar os novos céus e nova terra.
Que
ao despertarmos neste Natal, após um frutuoso período de preparação e conversão interior,
possamos nos tornar luzes em meio a um tempo de trevas, esperança em meio a um tempo
de desilusões, e mostrar ao mundo que o Menino da manjedoura – o Emanuel, Deus conosco
– está presente em nossos lares esperando que lhe abramos a manjedoura de nosso coração
e sejamos protagonistas deste novo tempo: tempo das luzes, da presença e da plena
realização do ser humano.
† Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano
de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ