Paris, 06 dez (RV) - “Hoje, o objetivo terapêutico sucumbe em benefício de
um objetivo de pesquisa ‘médica’, por detrás da qual ninguém sabe o que existe”: foi
o que disse o Cardeal Arcebispo de Paris, André Vingt-Trois, presidente da Conferência
Episcopal francesa. O purpurado falou acerca das pesquisas sobre o embrião na França
e ainda, acerca do respeito à dignidade humana, em entrevista ao semanário católico
“La Vie”, por ocasião da abertura dos trabalhos da Comissão Especial da Assembléia
encarregada de analisar o projeto de lei sobre bioética que será votado no Parlamento
no final do próximo janeiro.
O jornal vaticano L'Osservatore Romano, escreve
que o governo francês parece querer predispor um sistema no qual a destruição de embriões
não seja mais uma exceção, embora reconhecendo que as pesquisas sobre os mesmos implicam
o respeito pela dignidade humana. O cardeal fez referência, em particular, a essa
parte do texto que aborda os critérios de derrogação ao princípio geral que proibe
a pesquisa sobre embriões e sobre células-tronco embrionárias.
A intenção
dos legisladores parece ser a de autorizar as pesquisas “para permitir maiores progressos
médicos e não maiores progressos terapêuticos”. “Se se reconhece no embrião desde
a concepção um ser humano, não se pode tratá-lo como material de laboratório que será
jogado fora após o uso, como se fosse um estoque de células - concluiu o arcebispo,
acrecentando: Quando são tomadas medidas contrárias à dignidade humana, se entra em
um processo regressivo do ponto de vista civil, independentemente dos avanços científicos
que essas medidas possam proporcionar”. (SP)