CLÉRIGO PAQUISTANÊS RADICAL OFERECE PRÊMIO PELA MORTE DE CRISTÃ
Peshwar, 06 dez (RV) - Um clérigo muçulmano paquistanês da chamada "linha dura"
pró-Talibã ofereceu, na última sexta-feira, um prêmio a quem matar uma mulher cristã
sentenciada à morte por um tribunal, sob a acusação de ter insultado o Islã, ou seja,
enquadrada na famigerada lei sobre a blasfêmia.
Trata-se de Asia Bibi, cuja
condenação suscitou um novo e acalorado debate sobre a lei paquistanesa contra a blasfêmia,
que, segundo críticos, é usada para perseguir minorias religiosas, alimentar o extremismo
religioso e promover vinganças pessoais. As minorias não-muçulmanas representam mais
ou menos 4% dos 170 milhões de habitantes do Paquistão.
Maulana Yousef Qureshi,
o imame de uma grande mesquita da localidade de Peshawar, noroeste do país, ofereceu
uma recompensa de US$ 5.800 e aconselhou o governo a evitar toda e qualquer tentativa
de modificar ou abolir a lei sobre a blasfêmia.
"Resistiremos fortemente a
qualquer tentativa de revogar leis que garantem a proteção da santidade do Santo Profeta
Maomé" – disse Qureshi, falando a uma multidão de islâmicos radicais. Ele acrescentou
que quem matar Asia Bibi "receberá 500 mil rupias de recompensa, da Mesquita "Masjid
Mohabat Khan".
Acredita-se que Qureshi não tenha muitos seguidores, mas declarações
de clérigos podem provocar reações violentas e complicar os esforços governamentais
para combater o extremismo religioso e a militância.
Qureshi – que lidera
há décadas a congregação da Mesquita "Masjid Mohabat Khan", cuja construção remonta
ao século XVII – disse à agência de notícias Reuters, mais tarde, que está determinado
a ver a mulher cristã morta: "Esperamos que ela seja enforcada. Se isso não acontecer,
pediremos aos mujahedins (combatentes islâmicos) e os Talibãs a matarão."
Asia
Bibi – de 45 anos e mãe de quatro filhos – é a primeira mulher a ser sentenciada à
morte por causa da lei sobre a blasfêmia.
As condenações por blasfêmia são
comuns no Paquistão, cuja população é muçulmana em sua maioria. Embora a condenação
à morte nunca tenha sido executada, já que a maioria das condenações é revogada após
recursos, fanáticos e multidões enfurecidas já mataram muitas pessoas acusadas de
blasfêmia.
Depois de condenada, Asia Bibi fez um apelo ao Presidente Asif
Ali Zardari, pedindo para ser perdoada e dizendo que foi acusada injustamente por
vizinhos devido a uma briga por motivos pessoais. (AF)