2010-12-03 17:58:11

BENTO XVI: NÃO SE PODE SER TEÓLOGO NA SOLIDÃO, MAS SOMENTE NA COMUNHÃO


Cidade do Vaticano, 03 dez (RV) - "Não se pode ser teólogos na solidão": foi o que disse o Papa recebendo em audiência, ao meio-dia desta sexta-feira, na Sala do Consistório, no Vaticano, os membros da Comissão Teológica Internacional, ao término de sua plenária.

O Pontífice ressaltou que os ideais de justiça e igualdade democrática morrem se se corta a raiz da qual nasceram: o Cristianismo.

A teologia é verdadeira somente a partir do encontro com o Cristo ressuscitado, porque "nenhum sistema teológico pode subsistir se não é permeado pelo amor". De fato – afirmou o Santo Padre – "quem descobriu em Cristo o amor de Deus, infundido pelo Espírito Santo em nossos corações, deseja conhecer melhor Aquele por quem é amado e que ama":

"Conhecimento e amor sustentam-se reciprocamente. Como afirmaram os Padres da Igreja, quem ama Deus é impelido a tornar-se, num certo sentido, teólogo, alguém que fala com Deus, que pensa sobre Deus e busca pensar com Deus."

Bento XVI prosseguiu afirmando que a reflexão teológica ajuda o "diálogo com os fiéis de outras religiões e também com os não-fiéis", graças à sua racionalidade. De fato, "podemos pensar em Deus e comunicar aquilo que pensamos porque Ele dotou-nos de uma razão em harmonia com a sua natureza".

Todavia, é necessário que "a mesma racionalidade da teologia" ajude "a purificar a razão humana livrando-a de certos preconceitos e ideias que podem exercer uma forte influência no pensamento de todos os tempos".

Ademais, "conhecer Deus em sua verdadeira natureza", ou seja, como "fonte de perdão", é também "o modo seguro para assegurar a paz" no mundo – explicou.

Em tudo isso, os teólogos – para que o seu método seja verdadeiramente científico, além de proceder de modo racional – devem ser fiéis à natureza da fé eclesial, "sempre em continuidade e em diálogo com os fiéis e os teólogos que vieram antes de nós", porque "o teólogo jamais começa do zero".

Em seguida, o Papa ressaltou "a unidade indispensável que deve reinar entre teólogos e Pastores":

"Não se pode ser teólogos na solidão: os teólogos precisam do ministério dos Pastores da Igreja, como o Magistério precisa de teólogos que façam plenamente o seu serviço, com toda a ascese que isso implica."

"Cristo morreu por todos, embora nem todos o saibam ou o aceitem" – observou o Pontífice. Essa fé "nos leva ao serviço aos outros em nome de Cristo; em outras palavras, o compromisso social dos cristãos deriva necessariamente da manifestação do amor divino".

Bento XVI concluiu ressaltando que "a contemplação do Deus revelado e a caridade em favor do próximo não podem ser separadas, embora sejam vividas segundo carismas diferentes":

"Num mundo que comumente aprecia muitos dons do Cristianismo, como – por exemplo – a ideia de igualdade democrática... sem entender a raiz dos próprios ideais, é particularmente importante mostrar que os frutos morrem se a raiz da árvore for cortada. De fato, não há justiça sem verdade, e a justiça não se desenvolve plenamente se o seu horizonte é limitado ao mundo material. Para nós cristãos a solidariedade social tem sempre uma perspectiva de eternidade." (RL)







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