Terceiro encontro de alto nível euro-africano decorre em Tripoli
(29/11/2010) Três anos depois da cimeira euro--africana de Lisboa, oito dezenas de
chefes de Estado e de Governo da União Europeia e de África, vão fazer hoje e amanhã,
em Tripoli, um balanço da parceria estratégica entre os dois continentes. É a terceira
cimeira UE-África e os seus temas oficiais são investimento privado, crescimento económico
e criação de emprego. Mas, tal como em Lisboa, o encontro de alto nível poderá ficar
marcado por acontecimentos e temas que ultrapassam a agenda. Robert Mugabe indicou
que estará presente na cimeira - cujo anfitrião é o chefe do Estado líbio, Muammar
Kadhafi. Isso poderá provocar algum desconforto entre as delegações europeias, uma
vez que o regime zimbabweano permanece sob sanções da UE. Além do Presidente do
Zimbabwe tinha confirmado a presença nesta cimeira o líder do Sudão, Omar al-Bashir,
mas este desistiu à última hora "por causa de pressões europeias", disse o ministro
dos Negócios Estrangeiros sudanês Ali Karti. Al-Bashir é alvo de um mandado de captura
do TPI por crimes de guerra no Darfur. Na cimeira de Lisboa, que decorreu na FIL
no final de 2007, a presença de Robert Mugabe levou o então primeiro-ministro britânico
Gordon Brown a recusar participar nela. Falta ver o que fará desta vez David Cameron.
O Reino Unido e o Zimbabwe têm uma péssima relação devido a assuntos que ainda estão
pendentes desde que aquele país se tornou independente dos britânicos. Nesta terceira
cimeira, Kadhafi tem também previsto reforçar a exigência que nos últimos anos tem
vindo a fazer à UE: cinco mil milhões de euros para ajudar os europeus a fazer face
à imigração ilegal subsariana. A Líbia tem cerca de cinco milhões de habitantes e,
segundo a AFP, tem dois milhões de ilegais que querem chegar a Malta ou Itália. Kadhafi
puxou o assunto em Lisboa, mas na altura não teve muita sorte. Os Acordos de Parceria
Económica entre africanos e europeus também poderão vir a provocar alguns dissabores
nesta reunião. Apesar de não se esperarem grandes decisões de Tripoli, o sentimento
é positivo. Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, acha que o encontro vai
permitir "consolidar e aprofundar os laços e explorar o potencial das relações entre
a UE e África". A Europa é o maior parceiro comercial de África e o maior contribuinte
com ajuda pública ao desenvolvimento, mas em termos de investimento directo está a
perder terreno para a China e a Índia.