RIO DE JANEIRO É LÍDER EM MATÉRIA DE FURTOS DE PEÇAS SACRAS
Rio de Janeiro, 29 nov (RV) - O Rio de Janeiro é líder, no Brasil, em matéria
de furtos de peças históricas. O Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (Inepac)
realizou um levantamento do acervo de arte sacra do Estado, nas cidades das regiões
norte, noroeste e baixadas litorâneas. Os dados indicaram Campos dos Goytacazes como
a cidade com o maior número de bens procurados: 34. O número de furtos também é grande
em Cabo Frio.
O levantamento deu origem ao Inventário da Arte Sacra Fluminense,
disponível na rede web, desde setembro passado, iniciativa que já deu ensejo à recuperação
de algumas peças. Durante a catalogação, foram descobertas peças guardadas em sacristias
e esquecidas em armários. Os responsáveis não tinham conhecimento do valor histórico
de tais bens.
O museólogo Rafael Azevedo, coordenador-geral do inventário,
explicou que o objetivo do levantamento foi tornar o acervo histórico-artístico-religioso
do Rio – que é grande – mais conhecido, a fim de motivar a população para a tarefa
de preservação desse acervo. Ele acrescentou que o fato de o Rio ser um porto de mar
facilita o contrabando das peças roubadas.
O levantamento – que levou um ano
para ser concluído – teve como ponto de partida outro inventário, realizado nos anos
1794 e 1795, por Mons. Pizarro, então encarregado de vistoriar as igrejas católicas.
O trabalho foi republicado e as peças apresentadas nas obras, procuradas pelos pesquisadores.
No próximo ano, a busca, identificação e catalogação das peças sacras fluminenses
se estenderão para outras cidades do Estado do Rio.
Os furtos têm obrigado
igrejas centenárias a manterem suas portas fechadas. Em Duque de Caxias, na Baixada
Fluminense, a Igreja de Nossa Senhora do Pilar – que data de 1720 – perdeu suas imagens
originais. Em Nova Iguaçu, a Capela de Nossa Senhora de Guadalupe, construída em 1737,
teve o portal da fachada furtado.
Enquanto isso, em Minas Gerais – outro estado
brasileiro a possuir um imenso acervo histórico-artístico-religioso – a Coordenadoria
do Patrimônio Cultural do Ministério Público tem catalogados 689 bens desaparecidos.
O órgão avalia que o Estado já perdeu 60% de seus tesouros sacros em razão de roubos
e furtos. (AF)