(27/11/2010) O número de pessoas que vive em extrema pobreza aumentou em três milhões
por ano na última década, atingindo os 421 milhões em 2007, duas vezes mais do que
em 1980, segundo a ONU. Os dados fazem parte do relatório de 2010 da Conferência
das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (CNUCED) sobre os países mais
pobres do mundo. Com o título “Rumo a uma Nova Arquitectura Internacional do Desenvolvimento
para os PMAs” (países menos avançados), o documento divulgado em Genebra surge a poucos
meses da conferência da ONU sobre os países mais pobres, que se realiza em Maio de
2011, em Istambul. O relatório faz um balanço a dez anos da evolução dos 49 países
mais pobres do mundo, na sua maioria africanos, como Angola, Guiné-Bissau, Moçambique,
São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. O texto salienta que embora estes países tenham
resistido à recessão, estão ainda enredados em ciclos de crescimento e retracção,
sugerindo-se no documento que devem modernizar e diversificar as suas economias para
reduzir a pobreza de forma sustentável. No período de maior expansão, de 2002 a
2007, “o rápido crescimento económico traduziu-se somente numa fraca redução da pobreza”,
diz o relatório, que estima que 53% da população total dos PMAs vivia na pobreza extrema
em 2007. “Muito poucos estão a caminho de atingir o objectivo de reduzir para metade
a pobreza extrema em 2015”, diz o relatório, que caracteriza o crescimento dos 49
países, na última década, como “não sustentável” e “não inclusivo”. Diz o relatório
que os países menos avançados enfrentam um quadro de médio prazo difícil, com baixos
níveis de investimento e fraco desenvolvimento financeiro, dependendo grandemente
dos níveis de recuperação do resto do mundo e do aumento de apoios de doadores.