Rio de Janeiro, 27 nov (RV) - Meus irmãos, minhas irmãs, somos testemunhas
dos acontecimentos que abalam nossa cidade e região metropolitana e que são divulgados
pelos meios de comunicação nestes últimos dias. Todos nós que queremos bem a nossa
maravilhosa cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro e seus arredores, com o seu
povo alegre e acolhedor, sentimo-nos machucados ao vê-la como palco de notícias que
enchem os corações de todos de apreensão.
A Arquidiocese de São Sebastião
do Rio de Janeiro se une a todos os que passam pela tribulação e sofrem pelas atuais
inseguranças e dificuldades. Abraçamos a todos que, com esperança, constroem e buscam
um mundo mais justo, fraterno e solidário. Nossa unidade com os trabalhadores que
lutam no dia a dia e necessitam de paz! Nossa unidade com os que procuram encontrar
caminhos para tornar realidade a vida em paz nesta cidade.
Sabemos que é necessário
buscar o desenvolvimento social, o equilíbrio cultural e fazer brotar valores dentro
do coração humano. Sonhamos com um mundo novo e temos certeza de que, com a graça
de Deus, poderemos ir construindo-o.
Por isso, é necessário, mais uma vez,
falar de Paz!
É preciso, mais uma vez, fazer nascer nos corações de todos
os homens e mulheres de nossa querida cidade o anseio mais profundo de todos os seres
humanos: Paz.
É preciso que se ouça novamente na terra o grito, o forte clamor
aos homens de boa vontade.
Agora que iremos iniciar, o Advento, como tempo
de esperança, pois nos anuncia o próximo Natal de Jesus, vem-nos o forte clamor do
senhor Deus pela voz do anjo que nos anuncia o nascimento do Príncipe da Paz.
É
preciso que o sonho de Deus prevaleça nos corações humanos! É importante que retornemos
a buscar inspiração nos valores da vida e da dignidade humanas.
Precisamos
ser homens e mulheres de esperança que acolhem a mensagem que nos chega da gruta de
Belém: Deus ama todos os homens e mulheres da Terra e dá-lhes a esperança de um tempo
novo, um tempo de paz.
Acolhido no mais íntimo do coração, esse Amor, que
nos reconcilia com Deus e com o próximo, faz nascer a Esperança da Paz.
Precisamos
deixar que ela germine e vença o ódio!
Precisamos oferecer esta esperança
a cada homem e mulher de nossa cidade. Precisamos deixar que o Amor de Deus renove
as relações entre os homens e mulheres e gere aquela sede de fraternidade que é capaz
de afastar a tentação da violência e da guerra.
Precisamos colocar acima
de nossos próprios interesses o sonho de Deus, que é o sonho de cada homem e mulher
desta terra: viver a Paz e a comunhão.
A paz, que é um bem a ser promovido
com o bem! Que é um bem para as pessoas, as famílias, todos os povos da terra e toda
a humanidade; mas um bem que deve ser conservado e cultivado mediante opções e obras
de bem. Como nos diz o apóstolo São Paulo: « A ninguém pagueis o mal com o mal » (Rm
12,17), « Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal pelo bem » (Rm 12,21).
Aqui
está o modo de sair do círculo vicioso do mal, da violência.
Para promover
a paz, vencendo o mal com o bem, é preciso dedicar particular atenção ao bem comum
e suas vertentes sociais e políticas.
O bem comum diz-lhe diretamente respeito;
tem a ver intimamente com todas as formas expressivas da sociabilidade humana: a família,
os grupos, as associações, as cidades. Todos, de alguma forma, devem estar implicados
no compromisso pelo bem comum, na busca constante do bem dos outros como se fosse
o próprio.
Tal responsabilidade compete a todos nós, cidadãos desta cidade,
mas de modo particular àqueles que têm autoridade política, em qualquer nível da sua
atuação, por quem rezamos neste momento especial, pois é chamada a criar aquele conjunto
de condições sociais que favorecem, nos homens e mulheres de todos os tempos, o desenvolvimento
integral. Mas nunca nos esqueçamos da tarefa de cada um de nós individualmente.
Meus
irmãos, minhas irmãs, convido todos a rezarem e a se empenharem na busca da Paz verdadeira.
Que Deus ilumine a todos na busca da Paz para o nosso querido povo desta cidade maravilhosa,
para que o seja ainda mais. Que o Senhor nos abençoe e nos guarde e faça reinar a
paz em nossas fronteiras! Temos esperança e certeza de que tempos novos nascerão destes
momentos e confiamos que o nosso povo, que é forte, saberá continuar testemunhando
a sua fé.
D. Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de
São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ