Rio de Janeiro, 25 nov (RV) - Estamos encerrando mais um Ano Litúrgico – o
Ano C - e, no decorrer deste ano que ora findamos, nossas reflexões se fundamentaram
nos escritos do evangelista Lucas, que nos orientou em nossa jornada de cristãos.
Porém, as reflexões do novo Ano Litúrgico já no primeiro Domingo do Advento terão
como base as narrativas do evangelista Mateus. Nesta última semana do ano litúrgico,
celebramos, na quinta-feira, 25 de novembro, o Dia Nacional de Ação de Graças. A nossa
Arquidiocese celebra-o às 11 horas, na Igreja da Candelária. Queremos juntos, nesse
dia, estar unidos para pedirmos a paz e a tranquilidade para todos os habitantes da
cidade e arredores, comprometendo-nos com a construção da fraternidade, do perdão
e da paz. O Dia Nacional de Ação de Graças teve origem em 1621, na festa celebrada
em gratidão a Deus pela boa safra, que garantiu a sobrevivência da frágil colônia
de ingleses “peregrinos”, recém-chegados na América do Norte. Mais tarde esse dia
foi oficializado e difundido. Trata-se de uma data em que se reconhece a ação de Deus
na vida de um povo. No , o presidente instituiu o Dia Nacional de Ação de Graças
através da lei 781, de 17 de agosto de 1949, na quarta quinta-feira do mês de novembro,
como celebramos até hoje. É interessante ver que essa data surge com um decreto presidencial,
marcando para o país a sua cultura cristã de reconhecer a presença de Deus na vida
do povo. Para aqueles que estão no caminho espiritual, o Dia de Ação de Graças
anuncia formalmente a chegada de um novo tempo, iniciando o Advento que nos conduz
ao Natal e simboliza a gratidão que sentimos à medida que nos aproximamos de Deus.
Da mesma forma que o dia de Ação de Graças precede o Natal, o coração que é constantemente
agradecido é um precursor do glorioso nascimento interno da Consciência Crística –
alegre realização da Presença Divina em toda a criação. Deve-se aproveitar o Dia
de Ação de Graças para se refletir sobre como se tem agido, como cristão, no ano que
se finda: como me comportei diante da palavra de Deus? Como agi em relação a meu próximo?
Movidos pela Fé, qual foi o testemunho que dei sobre Nosso Senhor Jesus Cristo? Fiz
alguma boa ação? Mas o Dia de Ação de Graças evoca ainda algo mais: o momento em
que se deve, sobretudo, agradecer a Deus por tudo que Ele proporciona à vida de cada
um de nós, pois ela é um Dom de Deus que d’Ele se emprestou e, por ela, se deve agradecer.
Agradecer a Deus, de modo especial pela vida e por tudo que concede ao ser humano,
é reconhecer que Ele é o Senhor de tudo e de todos e, para tanto, é preciso estar
revestido do espírito de humildade. Este dia, simboliza a gratidão que sentimos
à medida que nos aproximamos de Deus. Ora, se este dia está caindo no esquecimento,
isto significa que não estamos tão próximos de Deus como se pensa. Então, devemos
parar e rever nossa condição de cristão e se estamos imbuídos do espírito de humildade
para reconhecer que o Senhor é nosso Deus. Nesse sentido, devemos nos preocupar em
resgatar o verdadeiro valor do Dia de Ação de Graças e torná-lo uma realidade não
só em nossas vidas, mas também em nosso calendário, visando a exortar todos os seguidores
de Nosso Senhor Jesus Cristo a celebrar este dia como ele realmente merece ser celebrado. Estamos
vivendo uma “mudança de época”. O mundo está em polvorosa, porque, de modo inesperado,
se desenha a instabilidade econômica em muitas partes do mundo. A realidade de violência
assusta a todos e desestabiliza a sociedade. O rápido desenvolvimento das comunicações
conduz a um processo de globalização cultural, que exerce um significativo impacto
sobre a nossa sociedade. Alguns efeitos são positivos, outros, porém, são, sem dúvida,
negativos. Ao ganharmos de Deus e da Igreja a graça de três novos íntimos colaboradores
como bispos auxiliares, ontem nomeados, devemos demonstrar sabedoria no seu discernimento,
e de coragem nas nossas decisões pastorais. Por isso, vamos dar louvores a Deus neste
dia de ação de graças! Queremos, neste dia de oração, agradecer pela nova evangelização
que é levada a efeito em nossa Arquidiocese, para responder às necessidades das circunstâncias
presentes, que mudam rapidamente. A nova evangelização exige que o Evangelho seja
anunciado de modo novo no seu ardor, nos seus métodos e na sua expressão (cf. , 106).
A mutável situação que hoje devemos enfrentar apresenta novos desafios, o que requererá
imaginação e coragem como aquelas demonstradas pelos missionários que outrora plantaram
o Evangelho nesta terra carioca. A tarefa pode parecer enorme, mas «Aquele que vos
chama é fiel; Ele o realizará!» (1 Ts 5, 24). Temos muito que agradecer
nesse dia: a nossa caminhada pastoral, a inserção dos jovens em nossas comunidades
e a vida de uma Igreja viva e pastoral que caminha em nossa Arquidiocese do Rio de
Janeiro. Queremos agradecer a Deus pelos bispos auxiliares que vêm para servir, para
criar espírito de trabalho coletivo, como disse o Papa Bento XVI nesta semana: “Não
é a lógica do domínio, do poder segundo os critérios humanos, mas a lógica de ajoelhar-se
para lavar os pés, a lógica do serviço, a lógica da Cruz, que é a base de todo exercício
da autoridade”. “Em todo tempo a Igreja está comprometida em se moldar a esta lógica
e a testemunhá-la para fazer transparecer o verdadeiro ‘Senhorio de Deus’, o do amor”,
seguiu dizendo. Em nossa Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro queremos
que todos, em única voz, os leigos e as leigas, os religiosos e as religiosas, diáconos,
presbíteros e bispos, se unam fervorosamente neste dia para louvar e agradecer ao
Deus da Vida por tudo o que recebemos: a nossa vida, o nosso ministério, a nossa pastoral,
as nossas alegrias e as nossas dores.
D. Orani João Tempesta, O. Cist.Arcebispo
Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ