Relatório da OMS aponta o dedo à má gestão do sector da saúde pública
(24/11/2010) Entre 20 a 40% dos gastos em saúde no mundo são desperdício. A conclusão
é Organização Mundial da Saúde, cujo relatório anual aponta o excesso de gasto em
medicamentos e cuidados hospitalares, a desmotivação dos profissionais e a corrupção. "Financiamento
dos sistemas de saúde: o caminho para a cobertura universal" é o título de um documento
que pretende servir como orientador para os países melhorarem a cobertura de saúde
às suas populações. E conclui com uma constatação: nenhum país no mundo oferece uma
cobertura a 100% e não há nenhuma solução milagrosa para se chegar a isso. Compete
a cada país analisar a sua própria situação e os recursos que pode explorar. Mas a
mensagem de esperança é a de que é possível fazer melhor. Três causas Os desperdícios,
a falta de sistemas de financiamento em que os custos sejam partilhados por todos
e a falta de recursos são os grandes obstáculos. Mas algumas experiências revelaram
que a cobertura mais universal possível não é apanágio dos países ricos. O Brasil,
o Chile, a China, o México, o Ruanda e a Tailândia apresentaram progressos importantes.
Numa iniciativa inovadora, o Gabão aumentou o orçamento da saúde... aplicando uma
taxa específica no uso de telemóveis. E o Camboja criou um fundo de equidade para
responder aos mais desfavorecidos. Mas trata-se apenas de exemplos, num mundo que
continua a não dar o seu melhor. Atentando no continente africano, um dos piores cobertos
em termos de saúde, a OMS conclui que apenas três estados cumpriram a meta definida
em 2000, alocar 15% do orçamento de Estado à saúde: Libéria, Ruanda e Tanzânia. Segundo
a organização, o aumento de 50% na taxa sobre o tabaco traria 1,42 mil milhões de
dólares em 22 países pobres. Outra sugestão: a Índia juntaria 370 milhões de dólares
anuais taxando as transacções de moeda estrangeira. Mas o capítulo com maior destaque
no relatório é o do desperdício, em todo o mundo. Anda entre os 20 e os 40% e tem
várias razões A mais importante é a deficiente gestão do medicamento. A OMS sugere
uma maior aposta nos genéricos, critica o abuso de antibióticos e alerta para a falta
de qualidade de muitos produtos no mundo mais pobre, gerador de mais problemas - e
portanto mais gastos - de saúde.