CHINA: NOTA DA SANTA SÉ SOBRE ORDENAÇÃO EPISCOPAL ILÍCITA
Cidade do Vaticano, 24 nov (RV) – No último sábado, dia 20, a Associação Católica
Patriótica – a Igreja Católica considerada "oficial" na China e controlada pelo governo
– ordenou um bispo – Pe. Joseph Guo Jincai – sem a aprovação do Santo Padre. Além
disso, obrigou oito bispos legítimos – em comunhão com a Igreja de Roma e com o papa
– a participarem da cerimônia de ordenação. Tudo isso, não obstante os prévios protestos
da Santa Sé.
Em relação ao acontecido, uma nota da Sala de Imprensa da Santa
Sé, divulgada no final desta manhã, precisa:
1. O Santo Padre recebeu a notícia
com profunda consternação, uma vez que tal ordenação episcopal foi conferida sem o
mandato apostólico e, portanto, representa uma dolorosa ferida para a comunhão eclesial,
além de uma grave violação da disciplina católica (cfr Carta de Bento XVI à Igreja
na China, 2007 nº 9).
2. Sabe-se que, nos últimos dias, diversos bispos foram
submetidos a pressões e a restrições da própria liberdade de movimento, com o objetivo
de forçá-los a participarem e a conferirem a ordenação episcopal. Tais constrições
perpetradas pelas autoridades governamentais e de segurança chinesas constituem uma
grave violação da liberdade de religião e de consciência. A Santa Sé se reserva o
direito de avaliar profundamente o ocorrido, entre outras coisas do ponto de vista
da validade e no que diz respeito à posição canônica dos bispos envolvidos.
3.
De qualquer modo, isso repercute dolorosamente, em primeiro lugar, sobre o Reverendo
Joseph Guo Jincai que, em razão dessa ordenação episcopal, se encontra numa gravíssima
condição canônica diante da Igreja na China e da Igreja Universal, expondo-se também
às graves sanções previstas, em particular no cânone 1.382 do Código de Direito Canônico.
4.
Tal ordenação não é benéfica aos católicos de Chengde, antes, os coloca numa situação
delicada e difícil, também do ponto de vista canônico, e os humilha, porque as autoridades
civis chinesas querem impor a eles um pastor que não está em plena comunhão com o
Santo Padre e com os demais bispos espalhados por todo o mundo.
5. Diversas
vezes, no decorrer deste ano, a Santa Sé comunicou com clareza às autoridades chinesas,
a própria oposição à ordenação episcopal do Reverendo Joseph Guo Jincai. Apesar disso,
essas autoridades decidiram proceder unilateralmente, em detrimento do clima de respeito
que, com dificuldades fora construído com a Santa Sé e com a Igreja Católica, através
de recentes ordenações episcopais. Tal pretensão – de colocar-se acima dos bispos
e de guiar a vida da comunidade eclesial – não corresponde à doutrina católica e ofende
o Santo Padre, a Igreja na China e a Igreja Universal, tornando ainda mais difíceis
as dificuldades pastorais já existentes.
6. O Papa Bento XVI, em sua Carta
à Igreja na China, datada de 2007, manifesta a disponibilidade da Santa Sé a um diálogo
respeitoso e construtivo com as autoridades da República Popular da China, com o objetivo
de superar as dificuldades e normalizar as relações (nº 4). Ao reafirmar tal disponibilidade,
a Santa Sé constata com grande tristeza, que as autoridades deixam que a gestão da
Associação Católica Patriótica Chinesa – sob a influência do senhor Liu Bainian –
assuma atitudes que ferem gravemente a Igreja Católica e impedem a realização do mencionado
diálogo.
7. Os católicos de todo o mundo acompanham, com particular atenção,
o difícil caminho da Igreja na China: a solidariedade espiritual com que acompanham
as vicissitudes dos irmãos e irmãs chineses, torna-se fervorosa oração ao Senhor da
história, a fim de que esteja próximo deles, aumente sua esperança e força e lhes
conceda a consolação nos momentos de provação." (AF)