2010-11-19 18:06:25

PAPA AO COLÉGIO CARDINALÍCIO: RELATIVISMO É DITADURA QUE PODE DESTRUIR LIBERDADE


Cidade do Vaticano, 19 nov (RV) - Teve início na manhã desta sexta-feira, no Vaticano, o dia de oração e de estudo do Colégio Cardinalício, convocado pelo Santo Padre em vista da criação de 24 novos cardeais, no Consistório deste sábado, dia 20.

No início do encontro, na Sala Nova do Sínodo, no Vaticano, o Decano do Colégio Cardinalício, Cardeal Angelo Sodano, dirigiu ao Papa uma saudação em nome de todos os presentes, agradecendo-lhe também pela recente Beatificação do Cardeal John Henry Newman e pela introdução de uma análoga Causa de Beatificação para o Cardeal François-Xavier Nguyên Van Thuân, símbolo da Igreja no Vietnã.

Sucessivamente, o Pontífice tomou a palavra introduzindo, em particular, os dois temas propostos para os trabalhos da manhã. Em relação ao primeiro, recordou que no mandato do Senhor de anunciar o Evangelho está implícita a exigência da liberdade de fazê-lo e, todavia, tal incumbência encontra, na história, muitas oposições.

A relação entre verdade e liberdade é essencial, mas hoje se encontra diante do grande desafio do relativismo, que parece completar o conceito de liberdade, mas, na realidade, corre o risco de destruí-la propondo-se como uma verdadeira "ditadura" – afirmou Bento XVI.

Encontramo-nos, portanto, num tempo de difícil empenho para afirmar a liberdade de anunciar a verdade do Evangelho e das grandes aquisições da cultura cristã.

Quanto ao segundo tema, o Papa evocou a importância essencial da liturgia na vida da Igreja, porque é o lugar da presença de Deus conosco. Portanto, o lugar em que a Verdade vive conosco.

Pela manhã foram examinados dois temas principais: o tema da liberdade da Igreja no momento presente, introduzido pelo Cardeal Secretário de Estado, Tarcisio Bertone; e o tema da liturgia na vida da Igreja, exposto pelo Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Antonio Llovera Cañizares.

O Cardeal Bertone traçou uma visão panorâmica das tentativas de limitar a liberdade dos cristãos nas várias regiões do mundo. O purpurado convidara precedentemente a refletir sobre a situação da liberdade religiosa nos países ocidentais. Embora se trate de nações que comumente devem ao Cristianismo os traços profundos de sua identidade e cultura, hoje se assiste a um processo de secularização, com tentativas de marginalização dos valores espirituais da vida social.

Em segundo lugar, o Cardeal Bertone expôs a situação da liberdade religiosa nos países islâmicos, recordando as conclusões a que chegou a recente Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio. Por fim, o Cardeal Secretário de Estado expôs a atividade da Santa Sé e dos Episcopados locais em defesa dos católicos, tanto no Ocidente como no Oriente.

A esse propósito, recordou também o grande empenho da Santa Sé no campo internacional para promover – face aos Estados e às Organizações das Nações Unidas – o respeito pela liberdade religiosa dos fiéis.

Por sua vez, o Cardeal Cañizares recordou a importância da oração litúrgica na vida da Igreja, evocando a doutrina do Concílio Vaticano II e o magistério de Bento XVI. Em particular, ressaltou a importância da fidelidade à disciplina litúrgica vigente.

Durante o amplo debate pronunciaram-se 18 cardeais, que aprofundaram principalmente o problema da liberdade religiosa e das dificuldades encontradas pela atividade da Igreja em diversas partes do mundo: falou-se de situações específicas na Europa, na América, na África, na Ásia, no Oriente Médio e nos países de maioria islâmica.

Falou-se também sobre as graves dificuldades que hoje a Igreja encontra na defesa de valores fundados no direito natural, como o respeito pela vida e pela família. Outro tema desenvolvido foi o do diálogo inter-religioso, em particular com o Islã. Foram lançadas sugestões de linhas de ação para responder aos desafios apresentados à Igreja de hoje.

Alguns pronunciamentos se detiveram também sobre o tema da liturgia, em particular, sobre a centralidade da celebração eucarística na vida da Igreja e sobre o respeito que se deve ter para com o sacramento da Eucaristia. Outros pronunciamentos terão lugar na sessão programada para o final da tarde desta sexta-feira.

Às 13h, Bento XVI ofereceu, numa das dependências da Sala Paulo VI, um almoço para os cardeais.

Estão previstas duas comunicações para o final da tarde. A primeira será do Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal William Joseph Levada, sobre as Normas estabelecidas pela Santa Sé seja para acolher na Igreja Católica os sacerdotes e fiéis anglicanos que fizerem tal pedido, seja em defesa de menores vítimas de abusos sexuais praticados por parte de membros do clero.

O segundo pronunciamento será feito pelo Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Arcebispo Angelo Amato, que abordará a atualidade da Declaração "Dominus Iesus", de 10 anos atrás, acerca da unicidade e universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja.

Além dos atuais cardeais encontram-se presentes também os 24 prelados que amanhã, sábado, serão elevados ao Cardinalato.

Alguns cardeais pediram ao Santo Padre que fossem dispensados de participar dos trabalhos destes dias, por causa das condições de saúde em que se encontram ou de urgentes compromissos pastorais nas respectivas arquidioceses. Ao todo, os presentes são aproximadamente 150. (RL)







All the contents on this site are copyrighted ©.