Porto-Príncipe, 19 nov (RV) – E as manifestações continuam no Haiti, tendo
chegado agora à capital, Porto Príncipe. Já vamos para o quarto dia de confrontos
entre população e soldados das Nações Unidas.
O problema é que o número de
mortes por cólera não para de subir – e vai aumentar ainda mais, visto que a epidemia
não alcançou ainda seu pico – e alguns estão atribuindo o primeiro contágio da doença
a componentes das forças da ONU.
Os agentes da saúde que atuam no país estão
advertindo que esses confrontos atrapalham o trabalho deles, mas a solicitação não
está sendo atendida. Assim sendo, mais prisões estão previstas para hoje. Os manifestantes
estão atirando pedras nos peacekeepers da Onu (soldados encarregados de manter a paz),
atacando carros estrangeiros e ateando fogo a pneus, para bloquear as ruas.
As
Nações Unidas afirmam que a motivação para os ataques é política, estimulada por grupos
que querem sabotar as eleições do próximo dia 28, quando será eleito o novo presidente
do país. Contudo, a motivação manifesta dos ataques é a suspeita de que um contingente
de soldados nepaleses da ONU tenha trazido o cólera, espalhando-o das áreas rurais
para o sistema do rio Artibonite, onde morreram as primeiras pessoas no mês passado.
O cólera é endêmico no Nepal, e, de fato, houve um surto da doença lá antes de os
soldados chegarem ao Haiti.
Alguns especialistas internacionais não descartam
essa possibilidade, mas a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti, Minustah,
nega a responsabilidade.
Responsabilidades à parte, certamente mais confrontos
e violência não são soluções para os problemas de nenhum país, menos ainda do Haiti,
já devastado por um terremoto, uma epidemia de cólera, um furacão e em vésperas de
presidenciais. (ED)