Roma, 18 nov (RV) - “Uma das características mais importantes do Islã é a moderação,
tanto na prática da religião como no comportamento dos seus fiéis; outro aspecto essencial
é a existência de um equilíbrio entre as questões da alma, do corpo e da mente”. Soa
como uma advertência o sermão pronunciado na última segunda-feira pelo grão-mufti
da Arábia Saudita, na mesquita de Namira, aos pés do Monte Arafat, diante de pelo
menos dois milhões de peregrinos presentes dentro, mas principalmente fora do edifício
de culto, localizado a cerca de 20 km a sudeste de Meca. A autoridade religiosa pediu
explicitamente que se rejeite a violência e o terrorismo em todas suas formas; “qualquer
pessoa que pratique essas ações está de fato traindo os princípios do Islã, uma religião
que deseja e pede a paz”. Tratou-se de um chamado à moderação religiosa destinada
principalmente para aqueles que, escondendo-se atrás da bandeira do Islã, utilizam
métodos violentos para defender a sua fé. O mar de pessoas se estendia até o Monte
Arafat, o lugar onde o profeta Maomé fez seu último discurso, e onde o fiel muçulmano,
no segundo dia do Hajj, se recolhe em oração e apresenta seus louvores e arrependimento
a Deus, permanecendo ali até o anoitecer, vestido somente com o “ihram” (um vestido
feito de duas peças de tecido branco sem costura).
O grão-mufti saudita –
refere a agência de notícias Efe – pediu então aos muçulmanos que se unam para lutar
contra a apostasia e contra aqueles que querem o mal do povo islâmico, “especialmente
no Iraque, no Sudão e no Afeganistão”. O apelo está em sintonia com as contínuas referências
feitas nos últimos anos pela mais alta autoridade religiosa do reino, e caracterizadas
por duras críticas aos grupos islâmicos radicais e às ações terroristas suicidas:
quem trabalha para espalhar o caos e a anarquia no mundo, quem prega a violência e
desvia os jovens para o mau caminho, está agindo contra os ensinamentos do Islã.
No
seu sermão, o xeique Abdul Aziz, também denunciou a discriminação entre os seres humanos,
bem como as discriminações existentes “entre as populações do Terceiro Mundo, de um
lado, e dos países mais desenvolvidos, do outro”. E, falando diretamente para os fiéis
muçulmanos, pediu para que apóiem uns aos outros em um momento onde os desafios concretos
se chamam também desemprego e aumento dos preços. Na terça-feira, os peregrinos se
reuniram entre Mina e Muzdalifa para o ritual de atirar sete pedras contra três colunas
que simbolizam as tentações de Satanás. Depois foram para Meca, onde irão giraram
sete vezes ao redor da “Kaaba”. (SP)