Roma, 18 nov (RV) - O ano de 2011 será de crise no setor da agricultura caso
se confirmem as previsões da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura,
FAO. "Nos principais países produtores de cereais, a superfície cultivável está praticamente
exaurida" é a afirmação do economista da FAO, Abdolreza Abassian, alertando para a
gravidade da situação alimentar do planeta.
Nesta quarta-feira, a Organização
publicou o relatório semestral "Food Outlook", no qual se explica que o aumento dos
preços da maior parte dos produtos agrícolas de base, nos últimos seis meses, pode
ser atribuído fundamentalmente a fenômenos climáticos. Entre estes, a grande seca
na Rússia, que para suprir a demanda interna limitou, até junho de 2011, a exportação
de grãos. Na conta também as inundações no Paquistão e as fortes chuvas no norte da
Europa.
De acordo com o vice-diretor da FAO, Hafez Ghanem, "depois das crises
de 2008 e 2009, houve uma reação rápida com o aumento de produção". "Por enquanto
– explicou –, não estamos em crise alimentar, mas esta poderá vir caso não intervenhamos."
Segundo
dados do relatório, os preços de alimentos atingiram a maior alta em dois anos e,
ao que tudo indica, o aumento deverá continuar em 2011. A Organização da ONU afirma
que o mundo deve se preparar para um cenário de alta de preços de alimentos e inflação,
que já afeta de forma negativa a balança comercial de cerca de 70 países. As primeiras
projeções são de que os alimentos devem ficar até 20% mais caros em 2011 diante de
safras abaixo do esperado e da especulação com as commodities.
A projeção
é a mais preocupante já feita pela FAO desde 2007, quando a alta nos preços de alimentos
desestabilizou governos e provocou protestos da população em 25 países. (ED)