Papa pede aos Bispos brasileiros que articulem bem a relação entre a Conferência Episcopal
e a responsabilidade pessoal de cada Bispo
(15/11/2010) A importância, funções e limites das Conferências Episcopais foi o tema
desenvolvido pelo Santo Padre ao receber, nesta segunda-feira, mais um grupo de Bispos
Brasileiros, presentes em Roma para a sua visita “ad limina Apostolorum”: do Regional
Centro Oeste, que inclui Brasília, a capital federal e dezasseis dioceses correspondentes
a três Províncias eclesiásticas: Goiânia, Brasília e Palmas. O Papa começou por
observar que, “a actual sociedade secularizada exige dos cristãos um renovado testemunho
de vida para que o anúncio do Evangelho seja acolhido como aquilo que é: a Boa Notícia
da acção salvífica de Deus que vem ao encontro do homem”. Neste contexto se situa
a razão de ser da CNBB, criada nos primeiros anos 50, uma década antes do Concílio
Vaticano II:
“há quase 60 anos, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
é um ponto de referência da sociedade brasileira, propondo-se sempre mais e acima
de tudo como um lugar onde se vive a caridade. Com efeito, o primeiro testemunho que
se espera dos anunciadores da Palavra de Deus é o da caridade recíproca: «Nisto conhecerão
todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 32). A vossa,
como aliás as demais Conferências Episcopais, nasceu como concreta aplicação do afeto
colegial dos Bispos em comunhão hierárquica com o Sucessor de Pedro, para ser um instrumento
de comunhão afetiva e efetiva entre todos os membros, e de eficaz colaboração com
o Pastor de cada Igreja particular na tríplice função de ensinar, santificar e governar
as ovelhas do próprio rebanho.”
Evocando o que o Concílio Vaticano II e o
próprio Direito Canónico dizem sobre a coordenação e colaboração dos Bispos no exercício
de algumas das funções episcopais, para o bem dos fiéis e de todos os cidadãos, Bento
XVI advertiu, porém, que a Conferência Episcopal não pode substituir a relação de
cada Bispo com a respectiva Igreja particular:
“a Conferência Episcopal promove
a união de esforços e de intenções dos Bispos, tornando-se um instrumento para que
possam compartilhar as suas fatigas; deve, porém, evitar de colocar-se como uma realidade
paralela ou substitutiva do ministério de cada um dos Bispos, ou seja, não mudando
a sua relação com a respectiva Igreja particular e com o Colégio Episcopal, nem constituindo
um intermediário entre o Bispo e a Sé de Pedro”.
Recordando também um documento
de João Paulo II sobre o correcto lugar e função das Conferências Episcopais (o Motu
proprio “Apostolos suos”), acrescentou ainda Bento XVI:
“alguns temas recomendam
hoje uma ação conjunta dos Bispos: a promoção e a tutela da fé e da moral, a tradução
dos livros litúrgicos, a promoção e formação das vocações de especial consagração,
elaboração de subsídios para a catequese, o compromisso ecumênico, as relações com
as autoridades civis, a defesa da vida humana, desde a concepção até a morte natural,
a santidade da família e do matrimônio entre homem e mulher, o direito dos pais a
educar seus filhos, a liberdade religiosa, os outros direitos humanos, a paz e a justiça
social. Ao mesmo tempo, é necessário lembrar que os assessores e as estruturas
da Conferência Episcopal existem para o serviço aos Bispos, não para substituí-los.
Trata-se, em definitiva, de buscar que a Conferência Episcopal, com seus organismos,
funcione sempre mais como órgão propulsor da solicitude pastoral dos Bispos, cuja
preocupação primária deve ser a salvação das almas, que é, aliás, a missão fundamental
da Igreja.”