PAPA AOS BISPOS DE GOIÁS, TOCANTINS E DISTRITO FEDERAL: CRISTÃOS SEJAM TESTEMUNHAS
DA VERDADE, AMOR E JUSTIÇA
Cidade do Vaticano, 15 nov (RV) - Bento XVI recebeu em audiência no final da
manhã desta segunda-feira, na Sala do Consistório, no Vaticano, os bispos do Regional
Centro-Oeste da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Regional formado
pelos Estados de Goiás e Tocantins, e Distrito Federal.
Os cristãos sejam testemunhas
do Evangelho e ponto de referência na sociedade: foram os votos do Santo Padre no
discurso dirigidos aos referidos prelados brasileiros. Trata-se do último grupo de
bispos dos 17 Regionais da CNBB, em visita "ad Limina".
Bento XVI iniciou seu
discurso dizendo-se feliz por dar as boas-vindas aos bispos de Goiás, Tocantins e
Distrito Federal.
"Viestes à cidade onde Pedro, por último, cumpriu a sua missão
de evangelização e deu testemunho de Cristo até à efusão do seu próprio sangue; viestes
ver e saudar o Sucessor de Pedro. Deste modo fortaleceis os fundamentos apostólicos
da Igreja no vosso país e expressais visivelmente a vossa comunhão com todos os demais
membros do Colégio episcopal e com o próprio Pontífice romano" – disse o Papa.
Bento
XVI agradeceu ao Arcebispo de Brasília, Dom João Braz de Aviz, pelas amáveis palavras
a ele dirigidas em nome de todos os bispos do Regional, assegurando aos prelados o
seu cordial afeto e as suas orações pelos bispos e por todas as pessoas confiadas
aos cuidados pastorais deles.
Ressaltando ser este 15 de novembro dia em que
se recorda a proclamação da República no Brasil, o Pontífice aproveitou o fato para
sublinhar, mais uma vez, a importância da ação evangelizadora da Igreja na construção
da identidade brasileira.
Em seguida, o Papa ressaltou a importância da comunhão
entre os bispos e o Pontífice, bem como entre os pastores e os fiéis:
"Há
quase 60 anos, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil é um ponto de referência
da sociedade brasileira, propondo-se sempre mais e acima de tudo como um lugar onde
se vive a caridade. Com efeito, o primeiro testemunho que se espera dos anunciadores
da Palavra de Deus é o da caridade recíproca: «Nisto conhecerão todos que sois os
meus discípulos: se vos amardes uns aos outros»" (Jo 13, 32).
Bento XVI frisou
que a CNBB – como as demais Conferências Episcopais – nasceu para ser um instrumento
de comunhão afetiva e efetiva entre todos os membros, e de eficaz colaboração com
o Pastor de cada Igreja na tríplice função de ensinar, santificar e governar as ovelhas
do próprio rebanho.
-"Ora, a Conferência Episcopal apresenta-se como uma
das formas, encontradas sob a guia do Espírito Santo, que consente exercitar conjunta
e harmoniosamente algumas funções pastorais para o bem dos fiéis e de todos os cidadãos
dum determinado território (cf. Código de Direito Canônico, cân. 447). De fato, uma
cooperação sempre mais estreita e concorde com os seus irmãos no ministério ajuda
os Bispos a cumprir melhor o seu mandato (cf. Christus Dominus, 37), sem abdicar da
responsabilidade primeira de apascentar como pastor próprio, ordinário e imediato
sua Igreja particular (cf. Motu proprio Apostolos suos, 10), fazendo-a ouvir a voz
de Jesus Cristo, que “é o mesmo, ontem, hoje e sempre” (Hb 13, 8).
Tecidas essas
considerações, o Santo Padre fez a seguinte observação:
-"A Conferência
Episcopal promove a união de esforços e de intenções dos Bispos, tornando-se um instrumento
para que possam compartilhar as suas fatigas; deve, porém, evitar de colocar-se como
uma realidade paralela ou substitutiva do ministério de cada um dos Bispos, ou seja,
não mudando a sua relação com a respectiva Igreja particular e com o Colégio Episcopal,
nem constituindo um intermediário entre o Bispo e a Sé de Pedro."
Bento XVI reiterou
que os bispos devem, sobretudo, estudar os meios mais eficazes para fazer chegar oportunamente
o magistério universal ao povo que lhes foi confiado. No que tange ao exercício da
função doutrinal, o Papa destacou a necessidade de se abordar as novas questões emergentes
– à luz do que orienta o Motu Proprio "Apostolos suos" de João Paulo II – "para depois
poder orientar a consciência dos homens para encontrarem a reta solução para os novos
problemas suscitados pelas transformações sociais e culturais".
O Pontífice
destacou que, de modo especial, alguns temas recomendam hoje uma ação conjunta dos
bispos:
"A promoção e a tutela da fé e da moral, a tradução dos livros litúrgicos,
a promoção e formação das vocações de especial consagração, elaboração de subsídios
para a catequese, o compromisso ecumênico, as relações com as autoridades civis, a
defesa da vida humana, desde a concepção até a morte natural, a santidade da família
e do matrimônio entre homem e mulher, o direito dos pais a educar seus filhos, a liberdade
religiosa, os outros direitos humanos, a paz e a justiça social."
Bento XVI concluiu
seu discurso aos bispos de Goiás, Tocantins e Distrito Federal assegurando sua afetuosa
proximidade ao povo do Brasil, confiado à intercessão materna da Virgem Maria, Nossa
Senhora Aparecida.
A visita "ad Limina" dos bispos do Regional Centro-Oeste
prosseguirá até o próximo sábado, dia 20. Antes do encontro no final da manhã desta
segunda-feira com o Santo Padre, os bispos celebraram uma missa, às 7h30 locais, na
Basílica de São Pedro.
Após a missa, às 9h30 locais, fizeram uma visita à Pontifícia
Comissão para a América Latina, no âmbito dos encontros nos diversos organismos da
Cúria Romana. Trata-se de atividades que são parte constitutiva da visita "ad Limina".
(RL)