ANGELUS: PAPA RECORDA HAITI E PEDE PAZ PARA O IRAQUE
Cidade do Vaticano, 14 nov (RV) – O Papa Bento XVI encontrou-se ao meio-dia deste
domingo com milhares de fiéis e peregrinos provenientes de todas as partes do mundo
para o Angelus, reunidos na Praça São Pedro. No seu breve discurso após a recitação
da oração mariana, o Santo Padre exortou a comunidade internacional a ajudar a população
do Haiti que após o terrível terremoto de 12 de janeiro passado hoje enfrenta uma
grave epidemia de cólera.
“Encorajo todos aqueles que estão trabalhando
nesta nova emergência - disse o Papa - e, enquanto asseguro minha especial recordação
na oração, apelo à Comunidade internacional, para que ajude generosamente aquela população”.
Segundo
os últimos dados do Ministério da Saúde Pública do Haiti, o número de mortos por causa
da epidemia de cólera aumentou para 796, enquanto as pessoas hospitalizadas são mais
de 12 mil.
Entretanto, um caloroso aplauso acolheu as palavras do Papa, quando,
dirigiu seu pensamento ao Iraque e à sua população que sofre, dizendo textualmente:
“Saúdo também os iraquianos aqui presentes e invoco o dom da paz para o seu país”.
Nos últimos dias se intensificaram no Iraque, já martirizado pelas consequências da
guerra e da transição, os ataques contra a minoria cristã, que culminou no assalto
a uma Igreja de Bagdá reivindicado por um grupo ligado a Al-Qaeda. No ataque dezenas
de pessoas perderam a vida, incluindo mulheres e crianças. No próximo domingo, a Igreja
italiana fará um dia Oração pelo Iraque. O Presidente dos bispos italianos, Cardeal
Angelo Bagnasco, nesta manhã convidou os fiéis de todo o país a rezarem “pelo Iraque,
pelas vítimas e pelos agressores”.
Por sua vez, momentos antes, na alocução
que precedeu a oração do Angelus, Bento XVI exortou, diante da crise econômica mundial,
a um renovação profunda do modelo de desenvolvimento econômico e ao relançamento da
agricultura.
"A atual crise econômica em andamento, sobre a qual se tratou
também nestes dias na reunião do chamado G20, deve ser vista com muita seriedade;
a crise tem múltiplas causas e envia um forte apelo para uma ampla revisão do modelo
de desenvolvimento econômico global ( Enc. Caritas in veritate, 21). É um sintoma
agudo que se adicionou a outros bem mais graves e conhecidos, como o persistente desequilíbrio
entre riqueza e pobreza, o escândalo da fome, emergências ambientais, e, agora em
geral, o problema do desemprego".
Neste contexto, - continuou o Papa -
é determinante uma estratégica revitalização da agricultura.
“De fato,
o processo de industrialização, algumas vezes obscureceu o setor agrícola, que, mesmo
tirando benefícios dos conhecimentos e das técnicas modernas, perdeu a importância,
com consequências significativas também no nível cultural”.
O Papa criticou
ainda “a tentação” dos países mais ricos a “recorrerem a alianças vantajosas” que
“podem resultar danosas para outros Estados mais pobres prolongando situações de pobreza
extrema de massas de homens e mulheres e acabando com os recursos naturais da Terra”.
“Além
disso, apesar da crise, se sabe que em países de antiga industrialização se incentivem
estilos de vida marcados por um consumo insustentável, que também são prejudiciais
ao meio ambiente e aos pobres. É necessário buscar, então, de uma forma muito concreta
um novo equilíbrio entre agricultura, indústria e serviços, para que o desenvolvimento
seja sustentável, e a ninguém falte o pão e o trabalho, o ar e a água, e outros recursos
primários sejam preservados como bens universais”.
Diante do “perdurar
do desequilíbrio entre riqueza e pobreza e o escândalo da fome, a emergência ecológica
e o problema do desemprego”, Bento XVI considerou que é “decisivo o relançamento estratégico
da agricultura”.
“Parece-me o momento para uma chamada para reavaliar a
agricultura não no sentido nostálgico, mas como um recurso indispensável para o futuro”.
O
Papa explicou que muitos jovens, entre eles muitos com estudos universitários, “escolheram
dedicar-se à atividade agrícola, respondendo assim às necessidades pessoais e familiares,
e ao sinal dos tempos, demonstrando uma sensibilidade concreta para com o bem comum”.
Em
seguida o Papa concedeu a todos a sua Benção Apostólica.
Antes de se despedir
o Papa recordou que no próximo sábado, dia 27 de novembro, na Basílica de São Pedro,
presidirá as Primeiras Vésperas do Primeiro Domingo do Advento e uma vigília de oração
pela vida nascente. A iniciativa será realizada em comum com as Igrejas particulares
de todo o mundo.
O Tempo de preparação para o Santo Natal – acrescentou o Santo
Padre – é um momento propício para invocar a proteção divina para cada ser humano
chamado à existência, também como agradecimento a Deus pelo dom da vida recebida dos
pais.
Falando em polonês o Pontífice disse que “devemos rezar por todos os
irmãos e irmãs que sofrem por causa do Evangelho”, recordando que numa iniciativa
da Associação “Ajuda à Igreja que Sofre”, neste domingo a Igreja na Polônia promove
um dia de solidariedade para com todos aqueles que no mundo não têm liberdade religiosa.
“Vocês que no passado sofreram por causa da sua fidelidade a Cristo e à Igreja – continuou
Bento XVI – possuem uma especial sensibilidade para com aqueles que também hoje passam
por tais provações”. “Elevemos a Deus – concluiu – a nossa oração pela liberdade de
anunciar no mundo a mensagem evangélica”. (SP)