Cidade do Vaticano, 13 nov (RV) – Nesta semana os líderes das 20 maiores economias
do mundo, incluindo o Brasil, estiveram reunidos em Seul, capital da Coreia do Sul,
para tratar da crise que atinge a economia do mundo inteiro e procurar desenvolver
indicadores que possam medir os desequilíbrios econômicos palpáveis hoje na econômica
global; mas adiaram até 2011 o controverso trabalho de definição dos problemas que
eles prometeram resolver. Na conclusão da cúpula, que durou dois dias, os líderes
mundiais afirmaram que vão criar uma série de indicadores que servirão como um mecanismo
para facilitar a identificação rápida de grandes desequilíbrios que exigem que ações
preventivas e corretivas sejam tomadas.
Questões como a dos desequilíbrios
externos dominaram a reunião dos líderes, que tentam evitar o que tem sido chamado
de “guerra cambial”, na qual os países buscam vantagens competitivas por meio do enfraquecimento
de suas moedas; em síntese desvalorizando a sua moeda para ter mais competitividade
no mercado internacional.
Entretanto, o G-20 deu sinal verde para a adoção
de controles de capital por países emergentes que estejam sentindo o peso da excessiva
valorização cambial, caso do Brasil. No texto final destaca-se que economias emergentes
com reservas adequadas e taxas de câmbio sobrevalorizadas poderão adotar medidas cuidadosas.
A determinação do G-20 é particularmente importante para o Brasil que, recentemente
adotou uma série de ações para conter o forte fluxo de recursos estrangeiros e a valorização
do real. O governo brasileiro aponta a estratégia acomodativa dos Estados Unidos como
uma das responsáveis pela entrada de dólares. Por isso é preciso que as moedas, principalmente
dos países emergentes tenham o seu justo valor no mercado internacional para permitir
uma maior competição dos produtos de exportação.
No início dos trabalhos os
líderes mundiais receberam do Papa Bento XVI uma mensagem na qual o Santo Padre evidenciou
a necessidade de se adotar “instrumentos adequados para superar a crise, com acordos
comuns que não privilegiem alguns países em detrimento de outros”, ou seja que as
soluções atinjam todos os estados necessitados de desenvolvimento, e não só uma parcela
que regularmente possui a maior parte da torta. Certamente a cúpula de Seul teve um
alcance global, por isso a prioridade de se considerar as consequências das medidas
adotadas para superar a crise, com soluções duradouras, sustentáveis e justas.
Na
sua mensagem o Papa toca o eixo central da economia mundial, ou seja, a consciência
de que os instrumentos adotados, funcionarão somente se estiverem destinados à realização
do progresso autêntico e integral do homem. Tais instrumentos para serem eficazes
deverão ser aplicados em sinergia e, sobretudo, respeitando a natureza do homem. Mas
para que isso se verifique é necessária a cooperação de toda a comunidade internacional.
O
tempo está passando e o momento é decisivo para o futuro da humanidade. É preciso
mostrar ao mundo e à história – recordou o Papa – que hoje, também graças à crise,
o ser humano amadureceu ao ponto de ser capaz de reconhecer que civilizações e culturas,
como os seus sistemas econômico, social e político, podem e devem convergir numa visão
partilhada da dignidade humana. (SP)