2010-11-13 20:35:55

BENTO XVI: IGREJA PROCURE NOVAS LINGUAGENS PARA COMUNICAR A FÉ, MAS SÓ O AMOR É CRÍVEL"


Cidade do Vaticano, 13 nov (RV) - A Igreja busque novas linguagens para comunicar ao homem de hoje a beleza da fé, mas consciente de que, no final, somente o testemunho vivido do amor "fala sem palavras": foi o que disse o Papa, na manhã deste sábado, recebendo em audiência, na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes da plenária do Pontifício Conselho para a Cultura, que se realizou sobre o tema "Cultura da comunicação e novas linguagens".

A saudação ao Santo Padre foi feita pelo Presidente do referido organismo vaticano, Dom Gianfranco Ravasi, que recordou a abertura "incomum" da plenária no Campidoglio – sede da Prefeitura de Roma – para acolher o desafio evangélico de comunicar a fé a todos os povos.

A comunicação é "um dos pontos cruciais do nosso tempo": o Pontífice desenvolveu o seu discurso partindo dessa convicção, recordando que Deus mesmo "em sua bondade e sabedoria" quis comunicar-se a nós em Cristo.

A tarefa essencial do organismo vaticano para a cultura é "colocar-se à escuta dos homens e das mulheres do nosso tempo para promover novas ocasiões de anúncio do Evangelho" num clima de "profunda transformação cultural" caracterizada por novas linguagens e novas formas de comunicação.

"Neste contexto – disse o Papa – os Pastores e os fiéis percebem com preocupação algumas dificuldades na comunicação da mensagem evangélica e na transmissão da fé, dentro da própria comunidade eclesial."

"Muitos cristãos precisam que lhes seja anunciada novamente, de modo persuasivo, a Palavra de Deus, de modo a poder experimentar concretamente a força do Evangelho (Exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini, n. 96). Os problemas parecem por vezes aumentar quando a Igreja se dirige aos homens e às mulheres que se encontram distantes ou indiferentes a uma experiência de fé, aos quais a mensagem evangélica chega de modo pouco eficaz e envolvente."

"Num mundo que faz da comunicação a estratégia vencedora, a Igreja – afirmou Bento XVI – não fica indiferente", mas procura "recorrer com renovado empenho criativo", e "com senso crítico e atento discernimento" às novas modalidades comunicativas:

"A incapacidade da linguagem de comunicar o sentido profundo e a beleza da experiência de fé pode contribuir para a indiferença de muitos, sobretudo jovens; pode tornar-se motivo de distanciamento, como já afirmava a Constituição conciliar Gaudium et spes, ressaltando que uma apresentação inadequada da mensagem omite mais do que manifesta o genuíno rosto de Deus e da religião."

"A Igreja quer dialogar com todos, na busca da verdade – reiterou o Papa – mas para que o diálogo e a comunicação sejam eficazes e fecundos é necessário sintonizar-se numa mesma frequência."

Bento XVI referiu-se à sua proposta de diálogo e encontro com quem se encontra distante da fé, o chamado "Pátio dos Gentios", que o organismo vaticano para a Cultura já está realizando na Europa.

Deve-se também contatar, de modo criativo, o mundo dos jovens, muitas vezes "atordoados" pelas novas tecnologias, que ao invés de incrementar a comunicação, aumentam "solidão" e "desnorteio".

Na "tarefa, difícil e fascinante" do comunicar a fé – acrescentou o Pontífice – a Igreja pode recorrer ao "extraordinário patrimônio" de símbolos e imagens da sua tradição:

"Em particular, o rico e denso simbolismo da liturgia deve resplandecer em toda a sua força como elemento comunicativo, até tocar profundamente a consciência humana, o coração e o intelecto. Ademais, a tradição cristã sempre uniu estreitamente a liturgia à linguagem da arte, cuja beleza tem a sua força comunicativa."

"Todavia – precisou – a beleza da vida cristã é ainda mais incisiva do que a arte e a imagem na comunicação da mensagem evangélica":

"No final, somente o amor é digno de fé e resulta crível. A vida dos santos, dos mártires, mostra uma singular beleza que fascina e atrai, porque uma vida cristã vivida em plenitude fala sem palavras. Precisamos de homens e mulheres que falem com a sua vida, que saibam comunicar o Evangelho, com clareza e coragem, com a transparência das ações, com a paixão alegre da caridade."

Por fim, Bento XVI fez votos para que muitos dos nossos contemporâneos, diante da "força envolvente do testemunho", possam dizer como os discípulos de Emaús após o encontro com Jesus ressuscitado: "Não nos ardia, por acaso, em nós o nosso coração enquanto Ele conversava conosco ao longo do caminho?" (RL)







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