Lahore, 12 nov (RV) - “Os cristãos no Paquistão estão sob a mira de fundamentalistas,
devido ao uso instrumental da lei anti-blasfêmia. Os casos de falsas acusações continuam
e estamos muito preocupados: são pelo menos 5 nos últimos dois meses. Mas, infelizmente,
não há mudanças à vista: o governo não considera por nada uma revisão ou a revogação
da lei. E isso é muito grave”: foi o que disse à Agência Fides o Secretário Executivo
da Comissão nacional “Justiça e Paz”, Peter Jacob, no âmbito da Conferência Episcopal
do Paquistão, após novos casos de fiéis cristãos acusados injustamente de blasfêmia.
A
aumentar a tensão nos últimos dias, o caso da Asia Bibi, primeira mulher condenada
à morte por crime de blasfêmia. O seu caso foi construído com perfeição em junho de
2009. A mulher, casada e mãe de dois filhos, enquanto estava trabalhando com outras
mulheres muçulmanas no país, na província de Punjab, foi acusada de ser “infiel” e
foi convidada a se converter ao islamismo. Asia defendeu a religião cristã e se recusou.
A este ponto, foi acusada de insultar o profeta Maomé.
Ela foi espancada junto
com seus filhos e levada à polícia, que registrou as acusações contra ela. Dias atrás,
a decisão do tribunal a considerou culpada, com base no testemunho de muçulmanos,
e condenada à morte. “Trata-se de uma verdadeira afronta à dignidade humana e à verdade.
Faremos tudo para que o julgamento seja anulado através de um recurso” - disse à Fides
Peter Jacob, confirmando o interesse da Comissão Justiça e Paz no caso da Asia Bibi.
A
Comissão apresentou uma lista de recentes casos de falsas acusações de blasfêmia e
de violações dos direitos humanos: são pelo menos 5 nos últimos dois meses.
Em
meados de setembro Tasawar Masih, um jovem cristão de Sargodha, foi acusado por jovens
muçulmanos de insultar o Profeta. Alguns líderes religiosos muçulmanos, forçaram com
ameaças a família de Masih, composta de 10 pessoas, a deixar o povoado. A família
tinha uma casa e terras e terminou sem nada, vivendo hoje na miséria.
No distrito
de Sialkot, outro cristão, Walayat Masih, caiu numa armadilha: na frente da sua casa
foi encontrada uma cópia do Alcorão com algumas páginas queimadas. Um grupo de pessoas
tentou entrar na casa e somente a intervenção da polícia evitou um linchamento. A
polícia o manteve em custódia por cinco dias.
No início de outubro - informa
ainda a Comissão - três homens em Lahore foram acusados de terem arrancado e jogado
no lixo algumas páginas do Alcorão. A denúncia e a ação popular contra eles foram
feitas pelos líderes da mesquita Ahl-e-Hadith. (SP)