MÉXICO: PORTA-VOZ DIZ QUE IGREJA SUPERVISIONA "MAIORIA" DAS DOAÇÕES
Cidade do México, 10 nov (RV) - A Conferência Episcopal do México (CEM) assegurou,
nesta quarta-feira, que "a maioria" das doações que a Igreja Católica recebe é supervisionada,
para evitar "contribuições" do narcotráfico ou do crime organizado no país.
Segundo
o porta-voz do Episcopado, Dom Víctor René Rodríguez Gómez, bispo auxiliar de Texcoco,
os casos das chamadas "narcoesmolas" são "isolados". A declaração foi dada numa coletiva
de imprensa, juntamente com outros prelados mexicanos, à margem da 90ª Assembleia
Plenária da CEM.
Dom Rodríguez Gómez disse que a Igreja Católica não aceita
e não aceitará dinheiro cuja procedência seja suspeita, e garantiu que a instituição
colabora com as autoridades quando isso ocorre.
Há algumas semanas, a imprensa
mexicana publicou que, numa capela recém-construída, próxima à cidade de Pachuca,
no estado de Hidalgo, havia uma placa onde se lia que o edifício havia sido financiado
por Heriberto Lazcano, conhecido como El Lazca, chefe do grupo criminoso Los Zetas
(um dos grupos criminosos mais violentos do México).
Em seguida, a revista
Desde la Fe, da Arquidiocese de Cidade do México, admitiu, num editorial, que alguns
ambientes religiosos chegaram a receber financiamento do narcotráfico, dizendo que
"algumas comunidades católicas" se envergonhavam disso.
O porta-voz da CEM
explicou que a Igreja Católica se preocupa com o fato que "o narcotráfico tenha-se
tornado um problema de saúde social" no México. Ele sustentou que a sociedade mexicana
"debilitou-se no campo político, na convivência cotidiana e na dimensão ética, gerando
uma progressiva crise cultural e social, cujas manifestações são a violência, a corrupção
e a dificuldade na busca da Justiça".
Os carteis do narcotráfico no México
tornaram-se um dos principais focos da política de segurança do Estado, desde 2006,
quando o Presidente Felipe Calderón convocou 100 mil policiais e militares para a
luta armada contra esses grupos criminosos.
Desde então, dados oficiais atestam
que os embates entre os cartéis entre si e entre estes e as forças de segurança já
deixaram mais de 28 mil mortos. Não obstante, o crime organizado continua a se inserir
em diversos setores da vida pública. (AF)