Cartum, 08 nov (RV) - A vida em Darfur, Sudão, pode acabar cedo. E por meio
de uma sentença emitida pelo poder Judiciário. No dia 21 de outubro passado, um Tribunal
Especial sudanês condenou à pena capital dez pessoas, entre as quais quatro adolescentes,
recusando-se a submetê-los a um teste capaz de verificar a idade dos mesmos.
A
denúncia é da associação Italians for Darfur que lançou uma petição para salvá-los
da morte. Já foram recolhidas 16 mil assinaturas.
Para os supostos menores
de idade, a defesa pediu um exame médico capaz de estabelecer a sua menoridade. Dos
cinco imputados, apenas a dois deles, claramente adolescentes, foi concedida a realização
do exame, que evidenciou a sua menoridade. Todavia, desses dois, apenas um foi considerado
não condenável à penas capital; os outros quatro foram todos condenados à pena de
morte.
Os garotos foram julgados e condenados por seu suposto envolvimento
num ataque a um comboio de forças governamentais no sul de Darfur, ocorrido em maio
passado. Os imputados nesse processo foram indicados como membros do Movimento "Justiça
e Igualdade", composto de cidadãos de Darfur em luta contra as milícias dos Janjaweed
e contra as forças governamentais, ambas protagonistas de atrocidades contra os civis
dessa região esquecida, do mundo.
Segundo a Italians for Darfur não
foi apresentada nenhuma prova de que os imputados tenham efetivamente participado
desse ataque. A associação denuncia ainda, que os menores foram mantidos presos junto
com os adultos e foram tratados e julgados como tais, o que fere ostensivamente os
direitos das crianças, assegurados pela Onu. (AF)