Uberaba, 06 nov (RV) - Quando se estabelece o diálogo entre a Igreja Católica
e outras comunidades cristãs, isso prova que acreditamos que esse outro grupo tem
alguma coisa boa. Achamos que vale a pena conversar. Eles se admiram de algumas coisas
que nós vivemos, e eles nem tanto. Como exemplo, veja-se a inteireza de nossa doutrina
durante séculos, a unidade que mantemos entre nós, a manutenção da linha apostólica,
a beleza de nossa Eucaristia. Mas do nosso lado também constatamos belezas na vida
religiosa dos interlocutores – belezas essas que fazem parte do nosso corpo de doutrina
- sem observá-las na perfeição. Isso vale, por exemplo, para a seriedade de sua vida
familiar, de seu espírito de oração, da observância da castidade entre a juventude,
do pagamento do dízimo, e do seu amor às Escrituras.Às vezes realçam melhor certos
pontos, que nós esquecemos. Portanto, há o que aprender nessas conversas fraternas.
Percebemos que a norma de São João “nem os cumprimenteis” (2 Jo, 10) foi uma norma
circunstancial contra aqueles que vinham para impor seus pensamentos, e não para conversar.
Portanto, se tratava de atitudes contra proselitistas.
A Comissão Episcopal
para o Ecumenismo, da CNBB, programou um importante Curso sobre o Diálogo Ecumênico.
Realizar-se-á em janeiro do próximo ano. Trata-se de um verdadeiro treinamento para
o Diálogo. Tal prática visa um reavivamento dos verdadeiros princípios ecumênicos
do Vaticano II. Pois, no “fragor da luta” há representantes nossos que criam critérios
pessoais. Ser fiéis a esses princípios,é uma regra essencial para haver um bom diálogo.
Mas vários se tornam entreguistas, ou aderem ao relativismo; outros camuflam as verdades
da fé católica; ou cedem à tentação fácil do irenismo. O Concílio não abre mão da
unicidade da Igreja Católica, nem que ela brotou diretamente da vontade explícita
do Salvador. O objetivo do Curso é encorajar para a aproximação. Temos esperanças
de que esse procedimento, acompanhado pela oração, vá produzir bons frutos. Embora
creiamos firmes na nossa Igreja - sem abrir mão de convicções - concordamos com S.
Pedro quando diz: “Deus aceita quem o teme e pratica a justiça, de qualquer nação
a que pertença” (At 10, 35).
Dom Aloísio Roque Oppermann scj – Arcebispo
de Uberaba, MG. Endereço eletrônico: domroqueopp@terra.com.br