2010-11-06 16:12:28

Fórum Lisboa 2010 debateu fundamentalismos e liberdade de consciência. Jorge Sampaio criticou a utilização política da fé religiosa, por vezes profundamente excessiva


(6/11/2010) Numa época marcada por diversas intolerâncias, visíveis em fenómenos como o fundamentalismo e a xenofobia, o extremismo político e a falta de liberdade religiosa ou de expressão, é urgente que todos sectores da sociedade unam esforços para resolver diferenças.
Uma ideia defendida por Jorge Sampaio durante o Fórum Lisboa 2010, um evento que terminou esta sexta feira, dia 5, no Centro Ismaili, em Lisboa, e que foi dedicado ao tema “Liberdades de expressão, de consciência e de religião”.
O actual Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, em declarações à ECCLESIA, apontou como exemplo “o surgimento interessante das várias manifestações religiosas no espaço público, o que coloca problemas interessantes para aquelas sociedades mais secularistas”.
Aqui, o antigo presidente da República identifica como problema uma certa “utilização política da fé religiosa, por vezes profundamente excessiva, dando origem a fundamentalismos”.
“O ambiente está carregado” alerta Jorge Sampaio, para quem é essencial a mobilização de todos os sectores, prevenindo uma conjuntura com a qual “nos vamos debater nas próximas décadas”.
Desde o poder político e governamental, passando pela sociedade civil, a Educação os Media, todos “são mobilizáveis para, desde a situação no terreno até ao mais alto nível, podermos ter uma atitude sempre de diálogo, de procura da dificuldade e de tentar ultrapassá-la” sublinha.
No entender daquele responsável, “as religiões são chamadas para a procura do diálogo inter-religioso, na sua relação com o espaço público e político”.
Para tal, será necessário que encontrem, em conjunto com o poder governamental, “um conjunto de princípios e de regras que permitam orientar o que fazer e onde as pessoas se revejam”.
Lançando ainda um olhar para o tempo de crise que Portugal e o resto da Europa atravessam, Jorge Sampaio defende que, apesar de “não ser um período bom para um enquadramento calmo e sossegado do diálogo democrático ou religioso, é nestas alturas de dificuldade que temos de combater exactamente por isso, com mais assiduidade e frequência”.
O Fórum de Lisboa 2010 foi organizado pelo Centro Norte-Sul do Conselho da Europa e pela Aliança das Civilizações, tendo ainda o apoio da rede Aga Khan para o desenvolvimento e da Comissão de Veneza do Conselho da Europa.








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