Campanha, 06 nov (RV) - As bem-aventuranças são o anúncio da felicidade, porque
proclamam a libertação e não o conformismo ou a alienação. Elas anunciam a vinda do
Reino através da Palavra e ação de Jesus. Estas tornam presente no mundo a justiça
do próprio Deus. Justiça para aqueles que são incômodos para uma estrutura de sociedade
baseada na riqueza que explora e no poder que oprime.
A constituição do povo
de Deus não impõe leis. Jesus simplesmente constata a situação do povo que o segue
(pobres, afligidos, mansos, famintos); percebem o esforço que fazem para mudar a situação
(misericórdia, solidariedade, pureza de coração, promoção da paz); conhece as dificuldades
e perseguições que enfrentam para criar a nova sociedade, e os proclama felizes, herdeiros
do projeto de Deus.
Os que buscam a justiça do Reino, portanto, são os pobres
em espírito, sufocados no seu anseio pelos valores que a sociedade injusta rejeita,
esses pobres estão profundamente convictos de que eles têm necessidade de Deus, pois
só com Deus esses valores podem vigorar, surgindo assim uma nova sociedade.
A
constituição que Jesus promulga no sermão da montanha nasce da constatação das lutas
do povo sofrido. Deus se solidarizou com o seu povo em caminho, confiando-lhe o Reino.
A
vivência das bem-aventuranças é a vivência, em nossa vida das mensagens que Jesus
trouxe do Pai para nós.
Olhando para os que nos precederam, santos e mártires,
somos convidados a nos questionar sobre nosso caminho de santidade. Somos filhos de
Deus e nossa filiação se traduz na prática da justiça. A prática da justiça corresponde
à vivência das bem-aventuranças. Ao tentar vivê-las, deparamo-nos com conflitos, calúnias,
perseguições e morte patrocinados pela sociedade estabelecida, que não aderiu ao projeto
de Deus. A memória dos mártires da caminhada é esperança e conforto: Jesus tem a última
palavra sobre os conflitos e as forças do mal. É urgente que nós denunciemos e resistamos
em meio às tribulações, Não há outro caminho de santidade, do que lutar contra o pecado
e nos colocarmos como discípulos-missionários de Jesus Cristo, modelo de santidade
e de vida.
Padre Wagner Augusto Portugal Vigário Judicial da Diocese da
Campanha