2010-11-06 17:15:02

0 Templo Expiatório da Sagrada Família, em Barcelona


(5/11/2010) Bento XVI vai dedicar o templo da Sagrada Família em Barcelona este Domingo, 7 de Novembro, celebração em que a igreja será proclamada “basílica”, título atribuído pelo Vaticano a igrejas que se tenham distinguido pela sua relevância histórica e espiritual.
Até meados do século XIX, Barcelona era uma antiga cidade amuralhada situada numa pequena planície junto ao mar. Por trás de si tinha um grande espaço, protegido por uma serra de pouca altura, no qual estavam proibidas as construções por motivos de defesa militar.
O livreiro José Bocabella, presidente da Associação de Devotos de S. José, pretendia um lugar central nesta zona para construir o templo que desde há muito tempo queria construir para dedicar à Sagrada Família, mas os melhores terrenos eram já muito caros, pelo que teve de contentar-se com um, que apesar de ainda estar no novo perímetro urbano, localizava-se numa paisagem tradicional de hortos e casas de campesinos contrastava com um pequeno núcleo de habitações na nova população trabalhadora, dependente da pujante indústria têxtil.
Tinha a vantagem de o terreno ser muito mais barato, de maneira que pode comprar uma superfície muito maior.
Para concretizar os planos do tempo expiatório – isto é, construído exclusivamente com recurso a doações particulares, de fiéis ou não - , Bocabella recorreu a Francisco del Villar.
O arquitecto diocesano projectou uma igreja de estilo gótico, cuja cripta começou a construir, mas a ocorrência de desavenças com Bocabella obrigaram-no a demitir-se.
Meses mais tarde, em 1883, o jovem arquitecto Antoni Gaudí, nascido em Reus em 1852, ocupou o lugar vago. e continuou a construção da cripta, já iniciada. A cripta - palavra de origem grega que significa "esconderijo", e que recorda as primitivas sepulturas cristãs ocultas nas catacumbas, devido às perseguições - foi escavada no subsolo, entre as fachadas do Nascimento e da Paixão.
Gaudí preferia que o templo tivesse a fachada do Nascimento orientada para o levantar do sol e a da Paixão e Morte para o ocaso, de acordo com a tradição, mas a cripta, já iniciada, impediu este propósito.
O arquitecto catalão elevou a abóbada da cripta para que pudesse receber luz e ar. A obra, de estilo neogótico, como a maioria das construções religiosas do século XIX, foi concluída em 1891.
Nos primeiros anos de construção da Sagrada Família, Gaudí era um homem pouco interessado pela religião, preferindo a vida social. Deslocava-se ao templo para inspeccionar as obras e, sem descer do coche, dava ordens aos capatazes.
Terminada a cripta, começou a construir sobre ela a abside (parte do fundo da igreja, onde ficam altar, ambão e cadeira da presidência), com sete capelas e duas escadas dos lados, que prosseguem as que sobem, em espiral, desde a cripta.
A abside, terminada em 1893, será futuramente encimada por uma cúpula dedicada à Virgem Maria, de maneira a que cripta, abside e cúpula formem um conjunto mariano, além de uma porta do claustro, aberta para o exterior, dedicada à Assunção.
O interior da abside está ornado com cabeças de anjos e conjuntos de lágrimas que recordam o sofrimento. No exterior contrastam as partes iluminadas pelo sol com as sombreadas.
Das duas capelas situadas nos ângulos do claustro, Gaudí só elaborou a de Nossa Senhora do Rosário. Rosas, uma referência à Virgem Maria
As duas "tentações" são dos motivos mais comentados pelos visitantes. A primeira mostra uma mulher a que um monstro diabólico oferece uma bolsa com dinheiro. A segunda, na imagem, apresenta outro diabo, que coloca uma bomba nas mãos de um homem. Tanto a mulher como o homem superam a tentação ao encomendar-se a Maria, a quem dirigem o olhar.
Gaudí, o prestigiado autor de grandes obras como o Palácio Güell, as casas Batllo e Milà, a cripta da Colónia Güell ou o Parque Güell, tem na Sagrada Família a que pode chamar-se a obra da sua vida, dado que trabalhou nela durante 43 anos, até à morte. Na tarde de 10 de Junho de 1926, pouco depois de sair do estaleiro, foi atropelado por um eléctrico e morreu devido aos ferimentos.
Nas suas mãos, o templo adquiriu dimensões, exuberância e significado de tal modo relevantes que rapidamente começaram a chamá-lo de catedral, embora a sé episcopal se encontre numa igreja que remonta ao século II, e cujo actual edifício começou a erguer-se no fim do século XIII.








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