PAPA A BISPOS DO PARANÁ: VIDA RELIGIOSA JAMAIS PODERÁ MORRER, PORQUE FOI QUERIDA POR
CRISTO
Cidade do Vaticano, 05 nov (RV) - Bento XVI recebeu em audiência na manhã desta
sexta-feira, na Sala do Consistório, no Vaticano, os 25 bispos do Regional Sul 2 da
CNBB (Regional formado pelo Estado do Paraná) em visita "ad Limina", dirigindo-lhes
um discurso.
Após agradecer ao Arcebispo de Curitiba e Presidente do Regional
Sul 2, Dom Moacyr José Vitti, pelas palavras que – em nome de todos os presentes –
lhe foram dirigidas fazendo-se intérprete dos sentimentos de comunhão que os unem
ao Sucessor de Pedro, Bento XVI deu-lhes as boas-vindas afirmando ser ali também a
casa deles, lugar onde – disse o Pontífice – "podeis experimentar a universalidade
da Igreja de Cristo que se estende até aos extremos confins da terra".
Em seguida,
o Papa teceu algumas considerações pastorais, evocando alguns princípios conceituais
de eclesiologia:
"Cada uma das vossas Igrejas particulares, queridos Bispos,
é o generoso ponto de chegada de uma missão universal, o aflorar «aqui e agora» da
Igreja universal. Neste caso, a justa relação entre «universal» e «particular» verifica-se
não quando o universal retrocede diante do particular, mas quando o particular se
abre ao universal e se deixa atrair e valorizar por ele. Na idéia divina, a Igreja
é uma só: o Corpo de Cristo, a Esposa do Cordeiro, a Jerusalém do Alto, esta Cidade
definitiva que seria o objetivo mais profundo da criação querida como o lugar onde
se realiza a vontade de Deus e a terra se torna céu."
Após tais afirmações,
o Santo Padre ressaltou recordar aos bispos ali presentes esses princípios, não porque
eles os ignorassem, "mas porque nos ajudam a bem situar as pessoas consagradas na
Igreja. Com efeito – prosseguiu – nesta, a unidade e a pluralidade não só não se opõem,
mas enriquecem-se reciprocamente na medida em que procuram a edificação do único Corpo
de Cristo, a Igreja, por meio do «amor que une a todos na perfeição» (Cl 3, 14)".
Citando
o documento "Vida fraterna em comunidade", n. 60, o Santo Padre afirmou:
"Como
a comunidade religiosa não pode agir independentemente ou como alternativa ou, menos
ainda, contra as diretrizes e a pastoral da Igreja particular, assim a Igreja particular
não pode dispor a seu bel-prazer, segundo as suas necessidades, da comunidade religiosa
ou de alguns dos seus membros."
Em seguida, o Papa tratou de um tema de particular
importância para a vida da Igreja, ao falar sobre a diminuição dos membros em muitos
Institutos e do envelhecimento deles, evidente em algumas partes do mundo, ressaltou
o Santo Padre observando que diante disso muitos se interrogam se a vida consagrada
é ainda hoje uma proposta capaz de atrair os jovens e as jovens.
Dito isso,
o Pontífice argumentou:
"Bem sabemos, queridos Bispos, que as várias Famílias
religiosas desde a vida monástica até às congregações religiosas e sociedades de vida
apostólica, desde os institutos seculares até às novas formas de consagração tiveram
a sua origem na história, mas a vida consagrada como tal teve origem com o próprio
Senhor que escolheu para Si esta forma de vida virgem, pobre e obediente."
Em
seguida, afirmou Bento XVI:
"A vida consagrada nunca poderá faltar nem morrer
na Igreja: foi querida pelo próprio Jesus como parcela irremovível da sua Igreja.
Daqui o apelo ao compromisso geral na pastoral vocacional: se a vida consagrada é
um bem de toda a Igreja, algo que interessa a todos, também a pastoral que visa promover
as vocações à vida consagrada deve ser um empenho sentido por todos: Bispos, sacerdotes,
consagrados e leigos."
Entretanto, como afirma o decreto conciliar Perfectae
caritatis – observou – "a conveniente renovação dos Institutos depende, sobretudo,
da formação dos membros" (n. 18). O Papa ponderou tratar-se de uma afirmação fundamental
para toda a forma de vida consagrada.
"A capacidade formativa de um Instituto,
quer na sua fase inicial quer nas fases sucessivas, está no centro de todo o processo
de renovação. "De fato, se a vida consagrada é, em si mesma, uma progressiva assimilação
dos sentimentos de Cristo, resulta evidente que um tal caminho terá de durar a vida
inteira para permear toda a pessoa"."
Após expressar viva gratidão às comunidades
de consagrados e consagradas pressentes na Igreja que se encontra no Paraná, o Pontífice
concluiu:
"Agora, invocando o celeste patrocínio de Maria, modelo perfeito
de consagração a Cristo, confirmo-vos mais uma vez a minha estima fraterna e concedo-vos,
extensiva a todos os fiéis confiados aos vossos cuidados pastorais, uma propiciadora
Bênção Apostólica." (RL)