2010-10-30 19:34:58

ÁSIA: MISSIONÁRIOS A CAMINHO


Tagaitay, 31 out (RV) - Uma das características da missão é seu dinamismo impulsionado por um espírito criativo em contanto permanente com o novo e desconhecido. Ao mesmo tempo é preciso ter o olhar voltado para a história que as pessoas escrevem com suas experiências de vida. Além de ler, revistas e livros sobre tudo o que acontece no mundo, é preciso saber ler o significado dos fatos relacionados com o momento, ambiente e pessoas que os produzem. Embora ler a realidade dessa forma pareça complexo, é valioso mergulhar nas culturas, história e experiência dos seres humanos, na busca da felicidade e do sentido da vida.

O missionário é aquele que tenta encontrar espaço no qual ele pode dar testemunho de seu convívio com o Pai, conduzido pela presença de Cristo, energizando suas ações com a força do Espírito Santo.

Inspirados pela atitude de Cristo que convidou seus discípulos para se afastarem, num lugar calmo e longe da agitação e do burburinho, para um tempo de descanso e renovação das energias, 24 missionários da Congregação dos Missionários de São Carlos - escalabrinianos - cujo carisma é o exercício da missão entre os migrantes, juntamente com outros 17 jovens em formação, recolheram-se numa região montanhosa na cidade de Tagaitay na ilha de Luzon, Filipinas, de 27 a 30 de outubro de 2010. Missionários provenientes do Japão, Taiwan, Indonésia, Vietnã e Filipinas transformaram uma casa de retiros em cenáculo temporário.

O tema "Comunidade e Missão" foi a referência para que, além das preces ao Deus de todos os povos, fossem partilhadas as experiências missionárias com os migrantes nos países onde exercem a missão. A nota fundamental nos testemunhos apresentados foi satisfação e gratificação que os missionários entesouraram, acolhendo o migrante que deixou sua terra em busca do essencial para sua família, mitigando-lhe as feridas profundas no coração, causadas pela rejeição, desprezo e humilhações, tendo compaixão para com quem perdeu a confiança nos seres humanos, por ter sido explorado por seus semelhantes de outra cultura, sendo a força de quem chegou desanimado e abatido.

Longe da tendência de que estar perto de pessoas que sofrem seria uma fonte de tristeza, os missionários sentem-se profundamente felizes por dar amor fraterno a quem chega machucado, na busca de trabalho ou fugindo das perseguições ou até da ameaça de morte.

Certamente parece estranho que, em nossos dias, muitos jovens busquem a felicidade, no serviço aos migrantes ao invés de esnobar, montando uma moto, galanteando-se diante das pessoas, disputando poder ou buscando prazeres com intensidade em momentos fugazes. Esses jovens investem suas energias naquilo que continua e passa a ser fonte permanente da alegria e felicidade que ninguém lhes pode subtrair.

Muito enriquecedora a partilha de Dom Luis Antonio Chito Tagle, Bispo da Diocese de Imus, Cavite, apresentando a situação da Ásia e seus desafios. Como espaço humano a Ásia caracteriza-se pela imensa variedade de rostos, culturas e religiões diferentes com histórias milenares. Por outro lado, as belas cores da Ásia são ofuscadas por conflitos, pobreza e degradação da natureza. Embora os praticantes do cristianismo sejam uma mínima minoria, na Ásia existe espaço para o profetismo solidário.

Contudo, o cenáculo não é um lugar de permanência, mas de saída para alinhar a ação e a vida com o mandato de Cristo: "Ide a todas as nações..." De fato a essência da missão é sair carregando a riqueza da Palavra, no coração e na vida, para brindá-la às mulheres e aos homens de qualquer raça, língua e cultura, sendo ponte entre as diferenças.

Religiões e culturas são como ilhas extraordinariamente ricas que procuram estabelecer pontes entre si para se interligar, permitindo que seu enorme cabedal transite de uma para a outra, num movimento intenso de vai e vem, cujo resultado é a globalização de seus fatores positivos.

Chegou o momento de sair do cenáculo para, reabastecidos e renovados, retornar aos migrantes que buscam nos países ricos os recursos para dar dignidade às suas famílias que os acompanham ou que foram deixadas, temporariamente, nos seus países de origem. Divisa-se um vasto campo com poucos trabalhadores. A messe exige não só sacerdotes ou operários religiosos, mas talvez muito mais de batizados comprometidos alegremente com o envio de Cristo, atraídos pela aventura do amor aos migrantes. (Pe. Olmes Milani)







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