2010-10-30 16:44:46

ÁFRICA: CIRCUNCISÃO REDUZ O RISCO DA AIDS, MAS É FACA DE DOIS GUMES


Johannesburgo, 30 out (RV) - A notícia de que a circuncisão poderia reduzir o risco de contrair a Aids, emergiu durante a III Conferência Internacional sobre a Aids, realizada de 24 a 27 de julho de 2005, no Rio de Janeiro.

Na época, falou-se de uma diminuição de 65% da possibilidade de contrair o vírus HIV, por razões, sobretudo, de higiene e, portanto, "mecânica", porque se limitaria a evitar a ulceração das mucosas, e consequentemente, o surgimento de microferidas através das quais o vírus poderia penetrar na corrente sanguínea. Desde então, o sistema foi adotado em diversas partes do mundo, com resultados confortadores.

Os estudiosos da agência francesa Inserm monitoraram, em 2006, três mil homens não contagiados, de idades compreendidas entre 18 e 24 anos, na província de Guateng, na África do Sul, onde o índice de difusão do vírus é de 32%.

Parte dos homens havia sido circuncidada antes do início do estudo; os demais o foram 21 meses após o início do mesmo. No final da pesquisa, os dados demonstraram que 69 homens haviam sido contagiados pelo HIV, mas apenas 18 dos soropositivos pertenciam ao grupo circuncidado antes do início da pesquisa.

Mais recentemente, na Suazilândia – um dos países do sul da África dentre os mais atingidos pela pandemia – a redução do contágio do HIV entre os circuncidados foi de 60%.

Este ano, durante a Conferência sobre a Aids, em Viena, Áustria, Bill Clinton e Robert Gates falaram a favor da circuncisão masculina, indicando-a como uma das soluções mais econômicas e eficazes na prevenção da Aids.

Os especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceram que a circuncisão pode reduzir os casos de infecção, embora se manifestem prudentes quanto à sua real eficácia, por temerem que quem tenha sido circuncidado possa sentir-se autorizado a adotar comportamentos arriscados, que antes eram evitados. Neste caso – afirma a OMS – o remédio seria "pior que o mal em si mesmo", ou seja, "pior a emenda que o soneto", como dizemos no Brasil. (AF)







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