Cidade do Vaticano, 30 out (RV) - Os brasileiros retornam às urnas neste fim
de semana para o segundo turno das eleições que determinarão quem será o próximo presidente
do Brasil e em alguns Estados o governador. Uma campanha eleitoral longa, difícil
e em muitos casos demais de agressiva. Agora chegou o momento decisivo, e o povo brasileiro
é chamado a dar a sua resposta a tantas indagações, a tantas perguntas que ainda não
tiveram respostas. Quem será o novo líder do Brasil? O Brasil mudará, crescerá ainda
mais? O pobre terá o seu lugar em uma sociedade onde a economia cresce a olhos vistos?
A dignidade da pessoa será o centro da atenção das novas políticas? A religião continuará
a cumprir com o seu papel, ou continuará, como em muitos casos, vista como algo individual
e não coletivo. Política e fé se tocam, reafirmou nesta semana o Papa Bento XVI
no seu discurso aos bispos do Regional Nordeste 5 da CNBB, quase reafirmando a posição
tomada nos meses passados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que através
de sua Presidência, sublinhou que a mesma “não indica nenhum candidato, e que a escolha
é um ato livre e consciente de cada cidadão”. Diante de tão grande responsabilidade,
exortou os fiéis católicos a terem presentes critérios éticos, entre os quais se incluem
especialmente o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e
à dignidade humana. O Papa, como representante de Cristo, fez presente aos nossos
ouvidos a frase do Senhor “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
No seu discurso aos bispos brasileiros Bento XVI deixou claro que a missão da política,
como significa o próprio termo, é cuidar das coisas terrenas, da Cidade dos Homens,
como dizia Santo Agostinho, mas, ao mesmo tempo, tendo consciência de que esse cuidar
deve ter como orientação a dimensão espiritual do Homem sua pertença a Deus. Por isso,
principalmente nesta véspera de eleições, o espiritual deverá iluminar a consciência
que, guiada pelos princípios cristãos, elegerá quem conduzirá a Pátria nos próximos
anos. Concluímos com as palavras do Santo Padre que confiou a Nossa Senhora Aparecida,
os anseios da Igreja Católica na Terra de Santa Cruz e de todos os homens de boa vontade
em defesa dos valores da vida humana e da sua transcendência, junto com as alegrias
e esperanças, as tristezas e angústias dos homens e mulheres do nosso país. (SP)