PE. ADOLFO NICOLÁS: NECESSIDADE DE NOVA LINGUAGEM PARA EXPRESSAR HOJE EXPERIÊNCIA
CRISTÃ
Cidade do Vaticano, 26 out (RV) - A sociedade europeia está cada vez mais "envelhecida"
e "arrogante". A Europa impressiona pela "antiguidade" das pessoas, dos edifícios,
das culturas, da história, "das disputas e das desconfianças entre as nações".
Foi
o que afirmou numa entrevista concedida ao serviço eletrônico de informação dos jesuítas,
o Prepósito Geral da Companhia de Jesus, Pe. Adolfo Nicolás.
O que impressiona
é também a grande "segurança" que os europeus têm de si mesmos e de suas opiniões
– acrescentou. Na Ásia – onde o Prepósito Geral dos jesuítas desempenhou grande parte
de sua missão pastoral – essas atitudes são consideradas "arrogantes".
Pe.
Nicolás observou que tais atitudes são "compreensíveis" no contexto europeu, mas "injustificáveis"
no contexto mundial. "É verdade que o europeu conhece muitas coisas, porém não conhece
tudo." Conhece pouco de outros mundos "igualmente reais quanto a velha Europa", afirmou,
ademais, Pe. Nicolas, cujas palavras foram veiculadas em matéria no jornal vaticano
"L'Osservatore Romano".
Em seguida, o Prepósito Geral da Companhia de Jesus,
que recentemente visitou vários países europeus, recordou os desafios que se apresentam
para os jesuítas e os cristãos da Europa:
A secularização, o diálogo com um
Islã numericamente sempre mais forte, e a necessidade de encontrar uma linguagem nova
para expressar e comunicar adequadamente a experiência cristã.
O primeiro desafio
– explicou Pe. Nicolás – consiste em colher o significado da vida cristã numa sociedade
sempre mais secularizada. Além disso, em segundo lugar, é necessário compreender as
modalidades da relação com os fiéis muçulmanos, a partir "da fraternidade, do acolhimento,
da ajuda necessária" para que todos possam caminhar "numa nova harmonia, de modo criativo".
O
terceiro desafio consiste na exigência de adotar uma nova linguagem mais flexível
e capaz de expressar a riqueza "da experiência religiosa para a humanidade de hoje".
As diferenças que podem ser encontradas nos vários continentes, embora sejam importantes,
não são determinantes para a fé.
"Todos sofremos do mesmo modo e todos crescemos
como pessoas" – observou Pe. Nicolás. "E nesta mescla de igualdades e diferenças,
como religiosos e como jesuítas, todos nos encontramos tendo que enfrentar os mesmos
desafios para crescer na estatura de Cristo." Nesse sentido, "o chamado de Cristo
é igualmente difícil e de igual modo atraente para todos os povos".
Por fim,
o Prepósito Geral dos jesuítas recordou a lição de fé que nos chega das comunidades
cristãs do Oriente Médio, no centro do Sínodo dos bispos para essa região, concluído
neste domingo com a santa missa presidida pelo Pontífice.
A diversidade de
muitas comunidades espalhadas pelo mundo é um convite "a refletir sobre a grande profundidade
de fé e de experiência que nos une". "E é, finalmente, um convite a se descobrir caminhos
cristãos de comunhão, de serviço e de esperança" – concluiu. (RL)