2010-10-23 18:27:49

PROPOSIÇÕES FINAIS DO SÍNODO: PAZ, ESPERANÇA E COMUNHÃO PARA OS CRISTÃOS NO ORIENTE MÉDIO


Cidade do Vaticano, 23 out (RV) – Paz, esperança e comunhão: a Assembleia Especial para o Oriente Médio, do Sínodo dos Bispos, baseia nesses três princípios suas 44 Proposições Finais, apresentadas esta manhã, na presença do papa, durante a última congregação geral dos padres sinodais.

Normalmente, trata-se de um documento reservado apenas ao pontífice, mas Bento XVI autorizou a publicação de um esboço do documento conclusivo do Sínodo.

Ao término dos trabalhos, os padres sinodais almoçaram com o Santo Padre que, na ocasião, agradeceu a todos, sublinhando a riqueza da pluralidade da Igreja Católica no Oriente Médio. Amanhã, às 9h30 (hora de Roma) terá lugar na Basílica de São Pedro, a celebração eucarística de encerramento da Assembleia Sinodal, presidida pelo pontífice, e com a presença dos padres sinodais.

Apesar da pluralidade de seus ritos católicos, o Oriente Médio fala com uma só voz, articulada nas 44 Proposições Sinais. Trata-se de um documento técnico e programático, mas escrito em tons vivos, que convocam reiteradamente à paz, à esperança e à comunhão.

Divididas em três grupos – presença cristão no Oriente Médio, comunhão eclesial e testemunho cristão – as Proposições Finais reveem os temas discutidos pelo plenário da Assembleia Sinodal: da importância da Palavra de Deus, cuja leitura e meditação devem ser encorajadas, juntamente com uma sugestão para que seja proclamado um Ano Bíblico, à denúncia das perseguições e violências contra os cristãos no Oriente Médio, que, tantas vezes, chegam ao martírio.

Como questões centrais, o documento contempla o empenho em favor da paz, chamando em causa os governos e a comunidade internacional, para que apliquem as resoluções do Conselho de Segurança da Onu; e a promoção de uma pastoral para as vocações e de uma pastoral para as migrações, para que imigrados e imigrantes sejam tutelados em seus direitos, qualquer que seja a sua nacionalidade e religião, a fim de que recebam ajuda jurídica e humanitária, e não percam os laços com seus países de origem.

Quando à comunhão, seja da Igreja com o mundo exterior, seja da Igreja internamente falando, a Assembleia Sinodal reitera o princípio segundo o qual a variedade não prejudica a unidade. Além disso, os padres sinodais requerem maior colaboração entre as hierarquias eclesiais, hipotecam seu apoio aos novos movimentos que definem como dom do Espírito a toda a Igreja, e que atuam em união com os bispos. E ainda: a Assembleia Sinodal escuta os jovens e os encoraja a não renunciarem a seus sonhos, e a olharem para Cristo como modelo para a construção de pontes de diálogo.

A atenção dos padres sinodais se volta, a seguir, às mulheres, às crianças e à família: todas devem ser amparadas, tuteladas e defendidas em sua dignidade e direitos. Na sequência, a Assembleia Sinodal convida os leigos à evangelização, e recorda aos meios de comunicação e às instituições educacionais católicas, a importância de promover a mensagem de Cristo, dando especial atenção aos mais pobres e aos deficientes.

O documento conclusivo da Assembleia Sinodal abre espaço, em seguida, ao diálogo ecumênico e inter-religioso, que deve tomar distância do confessionalismo, do extremismo e do antissemitismo, exortando, ao invés, ao respeito mútuo, para promover a justiça, a paz e os direitos fundamentais, como a liberdade religiosa, de culto e de consciência.

Religião e política sejam áreas distintas – são os votos dos padres sinodais. As Proposições Finais pedem ainda que haja igualdade entre os direitos e deveres e que o pluralismo religioso seja respeitado. Além disso, sublinham a importância de que os religiosos deem bom exemplo, demonstrando coerência entre suas palavras e sua vida; e a necessidade de divulgar a Doutrina Social da Igreja, de salvaguardar a Criação, de aprofundar a preparação dos catequistas, para que o Evangelho seja proposto sem timidez, mas também sem provocações, e de renovar a liturgia, onde isso se fizer necessário, olhando para o contexto atual.

Os padres sinodais contemplam proposições específicas, sugerindo que se trabalhe para a unificação da celebração do Natal e da Páscoa, que se institua uma festa para os mártires do Oriente, que se promova o uso da língua árabe nas instituições da Santa Sé, e que se adote uma tradução árabe comum para a oração do Pai Nosso.

Muitos desses temas, naturalmente, se encontram na Mensagem conclusiva da Assembleia Sinodal para o Oriente Médio, endereçada ao Povo de Deus e aprovada em votação realizada na tarde desta sexta-feira. O que muda é apenas o tom: a Mensagem quer divulgar, portanto usa tons apaixonados e define como "reviravolta histórica" o contexto contemporâneo no Oriente Médio, no qual todos são chamados a levar avante a mensagem de Cristo, com coragem, verdade e objetividade.

Quando ao aspecto político, a Mensagem chama em causa os governos locais e a comunidade internacional, para que tutelem o direito de cidadania, e a liberdade de consciência e de culto. Para que cesse o conflito palestino-israelense, os padres sinodais indicam a solução de dois Estados soberanos e independentes, com a exortação de que essa solução deixe de ser um sonho e se torne uma realidade. E pedem para que, no Iraque, tenha fim a guerra assassina.

Nesse contexto, a Mensagem conclusiva condena a violência, o terrorismo e o racismo juntamente com o antissemitismo, o anticristianismo e a islamofobia.

Finalmente, seja a Mensagem seja as Proposições Finais confiam à proteção da Virgem Maria, o futuro dos homens. (AF)







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