PROPOSIÇÕES FINAIS DO SÍNODO: PAZ, ESPERANÇA E COMUNHÃO PARA OS CRISTÃOS NO ORIENTE
MÉDIO
Cidade do Vaticano, 23 out (RV) – Paz, esperança e comunhão: a Assembleia Especial
para o Oriente Médio, do Sínodo dos Bispos, baseia nesses três princípios suas 44
Proposições Finais, apresentadas esta manhã, na presença do papa, durante a última
congregação geral dos padres sinodais.
Normalmente, trata-se de um documento
reservado apenas ao pontífice, mas Bento XVI autorizou a publicação de um esboço do
documento conclusivo do Sínodo.
Ao término dos trabalhos, os padres sinodais
almoçaram com o Santo Padre que, na ocasião, agradeceu a todos, sublinhando a riqueza
da pluralidade da Igreja Católica no Oriente Médio. Amanhã, às 9h30 (hora de Roma)
terá lugar na Basílica de São Pedro, a celebração eucarística de encerramento da Assembleia
Sinodal, presidida pelo pontífice, e com a presença dos padres sinodais.
Apesar
da pluralidade de seus ritos católicos, o Oriente Médio fala com uma só voz, articulada
nas 44 Proposições Sinais. Trata-se de um documento técnico e programático, mas escrito
em tons vivos, que convocam reiteradamente à paz, à esperança e à comunhão.
Divididas
em três grupos – presença cristão no Oriente Médio, comunhão eclesial e testemunho
cristão – as Proposições Finais reveem os temas discutidos pelo plenário da Assembleia
Sinodal: da importância da Palavra de Deus, cuja leitura e meditação devem ser encorajadas,
juntamente com uma sugestão para que seja proclamado um Ano Bíblico, à denúncia das
perseguições e violências contra os cristãos no Oriente Médio, que, tantas vezes,
chegam ao martírio.
Como questões centrais, o documento contempla o empenho
em favor da paz, chamando em causa os governos e a comunidade internacional, para
que apliquem as resoluções do Conselho de Segurança da Onu; e a promoção de uma pastoral
para as vocações e de uma pastoral para as migrações, para que imigrados e imigrantes
sejam tutelados em seus direitos, qualquer que seja a sua nacionalidade e religião,
a fim de que recebam ajuda jurídica e humanitária, e não percam os laços com seus
países de origem.
Quando à comunhão, seja da Igreja com o mundo exterior, seja
da Igreja internamente falando, a Assembleia Sinodal reitera o princípio segundo o
qual a variedade não prejudica a unidade. Além disso, os padres sinodais requerem
maior colaboração entre as hierarquias eclesiais, hipotecam seu apoio aos novos movimentos
que definem como dom do Espírito a toda a Igreja, e que atuam em união com os bispos.
E ainda: a Assembleia Sinodal escuta os jovens e os encoraja a não renunciarem a seus
sonhos, e a olharem para Cristo como modelo para a construção de pontes de diálogo.
A atenção dos padres sinodais se volta, a seguir, às mulheres, às crianças
e à família: todas devem ser amparadas, tuteladas e defendidas em sua dignidade e
direitos. Na sequência, a Assembleia Sinodal convida os leigos à evangelização, e
recorda aos meios de comunicação e às instituições educacionais católicas, a importância
de promover a mensagem de Cristo, dando especial atenção aos mais pobres e aos deficientes.
O
documento conclusivo da Assembleia Sinodal abre espaço, em seguida, ao diálogo ecumênico
e inter-religioso, que deve tomar distância do confessionalismo, do extremismo e do
antissemitismo, exortando, ao invés, ao respeito mútuo, para promover a justiça, a
paz e os direitos fundamentais, como a liberdade religiosa, de culto e de consciência.
Religião
e política sejam áreas distintas – são os votos dos padres sinodais. As Proposições
Finais pedem ainda que haja igualdade entre os direitos e deveres e que o pluralismo
religioso seja respeitado. Além disso, sublinham a importância de que os religiosos
deem bom exemplo, demonstrando coerência entre suas palavras e sua vida; e a necessidade
de divulgar a Doutrina Social da Igreja, de salvaguardar a Criação, de aprofundar
a preparação dos catequistas, para que o Evangelho seja proposto sem timidez, mas
também sem provocações, e de renovar a liturgia, onde isso se fizer necessário, olhando
para o contexto atual.
Os padres sinodais contemplam proposições específicas,
sugerindo que se trabalhe para a unificação da celebração do Natal e da Páscoa, que
se institua uma festa para os mártires do Oriente, que se promova o uso da língua
árabe nas instituições da Santa Sé, e que se adote uma tradução árabe comum para a
oração do Pai Nosso.
Muitos desses temas, naturalmente, se encontram na Mensagem
conclusiva da Assembleia Sinodal para o Oriente Médio, endereçada ao Povo de Deus
e aprovada em votação realizada na tarde desta sexta-feira. O que muda é apenas o
tom: a Mensagem quer divulgar, portanto usa tons apaixonados e define como "reviravolta
histórica" o contexto contemporâneo no Oriente Médio, no qual todos são chamados a
levar avante a mensagem de Cristo, com coragem, verdade e objetividade.
Quando
ao aspecto político, a Mensagem chama em causa os governos locais e a comunidade internacional,
para que tutelem o direito de cidadania, e a liberdade de consciência e de culto.
Para que cesse o conflito palestino-israelense, os padres sinodais indicam a solução
de dois Estados soberanos e independentes, com a exortação de que essa solução deixe
de ser um sonho e se torne uma realidade. E pedem para que, no Iraque, tenha fim a
guerra assassina.
Nesse contexto, a Mensagem conclusiva condena a violência,
o terrorismo e o racismo juntamente com o antissemitismo, o anticristianismo e a islamofobia.
Finalmente,
seja a Mensagem seja as Proposições Finais confiam à proteção da Virgem Maria, o futuro
dos homens. (AF)