PROCLAMADOS SEIS NOVOS SANTOS: CONVITE DO PAPA A "REZAR SEM CANSAR-SE"
Cidade do Vaticano, 17 out (RV) - Dezenas de milhares de fiéis e peregrinos,
provenientes, em particular, da Espanha, Polônia, Canadá, Austrália e Itália, se reuniram
esta manhã na Praça São Pedro, no Vaticano, para participar da missa presidida por
Bento XVI, na qual proclamou seis novos santos.
Trata-se de Mary MacKillop,
australiana, fundadora da Congregação das Irmãs de São José do Sagrado Coração; do
polonês Stanislaw Kazimierczyk, sacerdote da Ordem dos Cónegos Regulares Lateranenses;
do canadense André Alfred Bessette, religioso; da espanhola Cándida María de Jesús,
que se empenhou na formação cristã das crianças e fundou a Congregação das Filhas
de Jesus; da religiosa italiana Giulia Salzano, fundadora das Irmãs Catequistas do
Sagrado Coração; e da italiana Battista Camilla de Varano, monja clarissa, autora
de vários textos de literatura mística.
"Renova-se hoje, na Praça São Pedro,
a festa da santidade": com essas palavras, o Pontífice iniciou a homilia da celebração,
dando, em seguida, as boas-vindas aos presentes, muitos dos quais provenientes de
muito longe.
Partindo da liturgia deste XXIX Domingo do Tempo Comum, o Santo
Padre observou que ela nos oferece um ensinamento fundamental: a necessidade de rezar
sempre, sem cansar-se.
Em seguida, o Papa fez uma observação: às vezes nos
cansamos de rezar, temos a impressão de que a oração não é tão útil para a vida, de
que ela é pouco eficaz. Por isso, somos tentados a dedicar-nos à atividade, a empregar
todos os meios humanos para alcançar os nossos objetivos, e não recorremos a Deus.
Jesus, ao invés, afirma que é preciso rezar sempre, e o faz através de uma parábola
específica (cfr. Lc 18,1-8).
Essa parábola fala de um juiz insensato,
que não teme a Deus. Outro personagem é uma viúva. "Na Bíblia, a viúva e o órfão são
as categorias mais necessitadas, porque indefesas e sem meios" – observou o Papa.
A viúva vai ao juiz e pede-lhe com insistência que lhe faça justiça, a ponto de tornar-se
inoportuna, no final, vencendo-o pelo cansaço.
A esse ponto, Jesus faz uma
reflexão: se um juiz desonesto se deixa vencer pela insistência de uma viúva, fará
muito mais Deus que é bom, pois atenderá quem o invoca.
"De fato, Deus é a
generosidade em pessoa, é misericordioso, e, consequentemente, está sempre disposto
a ouvir as orações. Portanto, jamais devemos nos desesperar, mas insistir sempre na
oração."
A conclusão do trecho evangélico fala de fé: "Mas quando o Filho do
Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?" (Lc 18, 8). É uma pergunta que
quer suscitar um aumento de fé da nossa parte – explicou Bento XVI. De fato, "é claro
que a oração deve ser expressão de fé, do contrário, não é verdadeira oração, se não
se crê na bondade de Deus, não se pode rezar de modo verdadeiramente adequado:
"A
fé é essencial como atitude de base da oração. Foi o que fizeram os seis novos Santos
que hoje são propostos à veneração da Igreja presente no mundo inteiro: Stanisław
Sołtys, André Bessette, Cándida María de Jesús Cipitria y Barriola, Mary MacKillop,
Giulia Salzano e Battista Camilla Varano."
Em seguida – como faz habitualmente
na homilia das missas de canonização – o Santo Padre passou a apresentar os novos
santos, traçando o perfil de santidade de cada um deles:
"Santo Stanislaw Kazimierczyk,
religioso polonês do Séc. XV, uniu toda a sua vida à Eucaristia. A comunhão foi-lhe
"fonte e sinal" da prática do amor ao próximo."
"Frei André Bassette, originário
do Québec, no Canadá, e religioso da Congregação da Santa Cruz, que conheceu sofrimento
e pobreza, viveu a fé como escolha de "colocar-se livremente, e por amor, à disposição
da vontade de Deus"."
O Papa recordou da Madre Cándida María de Jesús, espanhola,
que "com a orientação de seus padres espirituais jesuítas escolheu viver somente para
o Senhor".
"O corajoso e santo exemplo de zelo, perseverança e oração" da australiana
Madre Mary McKillop, levou-a a dedicar-se, desde jovem, à educação dos pobres."
Depois,
o pensamento do Papa voltou-se para Giulia Salzano, professora do primário na segunda
metade do Séc. XIX, na Campania, região do sul da Itália:
"Madre Giulia compreendeu
bem a importância da catequese na Igreja, e, unindo a preparação pedagógica ao fervor
espiritual, dedicou-se a ela com generosidade e inteligência, contribuindo para a
formação de pessoas de todas as idades e estratificação social."
E referindo-se
a Battista Camilla Varano, monja clarissa do Séc. XV que testemunhou plenamente o
sentido evangélico da vida, especialmente perseverando na oração, o Papa disse:
"Num
tempo em que a Igreja sofria um descuido dos costumes, ela percorreu com decisão o
caminho da penitência e da oração, animada pelo ardente desejo de renovação do Corpo
místico de Cristo."
Ao término da solene celebração, teve lugar a oração mariana
do Angelus. O Santo Padre renovou a saudação aos fiéis e peregrinos presentes
para a canonização, falando em diversas línguas.
Em particular, falando em
polonês, saudou o Presidente da Polônia, Bronislaw Komorowski, presente na Praça São
Pedro, a quem recebera neste sábado em audiência, no Vaticano.
Em italiano,
além do pensamento pelas duas santas, fez um apelo significativo no âmbito do tema
da ação social e política. O Papa saudou os participantes da 46ª Semana Social dos
Católicos Italianos, que se conclui neste domingo, afirmando que o evento "traçou
uma agenda de esperança", e fez o seguinte auspício:
"Faço votos de que a busca
do bem comum constitua sempre a referência segura para o compromisso dos católicos
na ação social e política."
Dirigindo-se aos de língua espanhola, após saudar
os fiéis e peregrinos, cardeais e bispos, bem como a delegação oficial da Espanha,
o Pontífice disse:
"Confio as Religiosas Filhas de Jesus à intercessão de Santa
Cándida, sua Fundadora. Peço a Deus também que os novos santos sirvam de modelo para
o povo cristão, particularmente para os jovens, para que sejam cada vez mais numerosos
os que acolhem o chamado do Senhor e entregam suas vidas por completo para proclamar
a grandeza de seu amor."
O Santo Padre concluiu a celebração concedendo a todos
a sua Bênção apostólica. (RL)