Cidade do Vaticano, 15 out (RV) - O mês do rosário e das missões, outubro,
nos encontra com várias comemorações marianas: Nossa Senhora do Rosário, de Nazaré,
de Fátima, Aparecida, da Penha. A estrela da evangelização é para nós uma inspiração
de nossa disponibilidade para levar Cristo ao mundo através do nosso “sim” ao Plano
de Deus.
A Igreja, na sua essência missionária, tem na figura de Maria o seu
protótipo, o modelo de como ser evangelizadora, de como levar a Boa Nova a todos,
tendo em vista que Maria é grande missionária. Trouxe em seu ventre o Redentor da
humanidade! Com sua intercessão, leva as pessoas a Jesus e O traz às pessoas, ou seja,
por ela vamos até Jesus e Jesus vem até nós.
O mandato que a Igreja recebeu
de Nosso Senhor Jesus Cristo para evangelizar consiste no anúncio do Evangelho, em
primeiro lugar aos pobres, visando à salvação e à libertação total de toda pessoa
humana. A incumbência da Igreja é o anúncio explícito do evangelho. Maria Santíssima
foi aquela que, ao longo de toda sua existência, nada mais fez do que estar disponível
a Deus. Sua vida foi pautada na obediência e fidelidade a Deus, numa atitude de total
desprendimento e serviço a favor do Reino. Ela, portanto, é, sem dúvida, a figura
na qual devemos espelhar em nossas orações, em nossas relações com Deus e em nossos
trabalhos missionários.
O mês de outubro ajuda-nos a recordar o fundamental
convite missionário de Cristo e da Igreja em cada comunidade e apoiar o trabalho de
quantos sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos trabalham nas fronteiras da missão
da Igreja. O anúncio do Evangelho permanece o primeiro serviço que a Igreja deve à
humanidade para oferecer a salvação de Cristo ao homem do nosso tempo, de tantas maneiras
humilhado e oprimido, e para orientar em sentido cristão as transformações culturais,
sociais e éticas que estão em ação no mundo.
O Papa Bento XVI, por ocasião
do mês missionário, nos anima a sairmos do imobilismo e colocar a mão no arado do
anúncio do Evangelho: “Caríssimos, neste Dia Missionário Mundial no qual o olhar do
coração se dilata sobre os imensos espaços da missão, sintamo-nos todos protagonistas
do compromisso da Igreja de anunciar o Evangelho. O estímulo missionário foi sempre
sinal de vitalidade para as nossas Igrejas e a sua cooperação é testemunho singular
de unidade, de fraternidade e de solidariedade, que nos torna críveis anunciadores
do Amor que salva!”
“Como o "sim" de Maria, cada resposta generosa da Comunidade
eclesial ao convite divino ao amor dos irmãos suscitará uma nova maternidade apostólica
e eclesial (cf. Gl 4, 4.19.26), que, se deixando surpreender pelo mistério de Deus
amor, o qual "ao chegar a plenitude dos tempos, enviou o Seu Filho, nascido de mulher"
(Gl 4, 4), dará confiança e audácia a novos apóstolos. Esta resposta tornará todos
os crentes capazes de ser "jubilosos na esperança" (Rm 12, 12) ao realizar o projeto
de Deus, que deseja "que todo o gênero humano constitua um só Povo de Deus, se congregue
num só Corpo de Cristo, e se edifique num só templo do Espírito Santo" (Ad gentes,
7)”.
A Igreja, seus ministros, suas lideranças, os batizados, todos somos convocados
e chamados a repensar profundamente e a relançar com fidelidade e audácia sua missão
nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais. Trata-se de confirmar, renovar
e revitalizar a novidade do Evangelho arraigada em nossa história, a partir de um
encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, que desperte discípulos e missionários.
Isso não depende tanto de grandes programas e estruturas, mas de homens e mulheres
novos que encarnem essa tradição e novidade, como discípulos de Jesus Cristo e missionários
de seu Reino, protagonistas de uma vida nova para uma América Latina que deseja reconhecer-se
com a luz e a força do Espírito. Por isso, o estado permanente de missão, que é uma
convocação de toda a Igreja na América Latina, à luz de Aparecida, tem por objetivo
principal despertar e fomentar o ardor missionário em nossas comunidades. Como devotos
de Maria, a Senhora dos mil nomes, em cada um dos títulos em que é venerada pelo nosso
povo santo, nada mais justo e salutar do que não só imitá-la, mas colocá-la como patrona
que nos ilumina no estado permanente de missão, a essência do discipulado e da missão
da Igreja e de seus filhos.
† Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo
Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ