APRESENTADO ESBOÇO DA MENSAGEM FINAL DO SÍNODO DOS BISPOS PARA O ORIENTE MÉDIO
Cidade do Vaticano, 16 out (RV) - Um apelo em favor da paz e um convite ao
diálogo inter-religioso: em síntese, essas são as linhas-mestras do esboço final,
apresentado na manhã deste sábado no Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio, em andamento
no Vaticano com o tema "comunhão e testemunho".
O documento, ainda provisório,
foi lido na assembleia pelos Presidente e vice-Presidente da Comissão sinodal para
a Mensagem final, respectivamente, Dom Cyrille Bustros, e Dom William Shomali. O esboço
do documento será depois examinado, revisto e submetido, na próxima sexta-feira, ao
voto da assembleia sinodal.
O esboço da Mensagem final apresentada pelo Sínodo
é um longo apelo: um apelo aos fiéis a que perseverem nas dificuldades e se empenhem
no testemunho do amor a Deus; um apelo a prosseguirem na senda do caminho ecumênico;
um apelo aos judeus, em favor do diálogo, e aos muçulmanos, a trabalharem juntos para
que os direitos humanos e a dignidade da pessoa sejam assegurados.
O esboço
da Mensagem lança também um convite aos políticos do Oriente Médio a que se esforcem
para favorecer a segurança social, a estabilidade política, e o fim da corrida armamentista.
Também
a comunidade internacional é chamada em causa, a fim de que trabalhe pela justiça
e a paz na região do Oriente Médio, para que se ponha fim à guerra no Iraque e ao
conflito palestino-israelense, e se promova o respeito pela liberdade de culto e de
consciência.
O esboço dirige também um pensamento aos cristãos imigrantes,
a fim de que levem ao mundo a sua fé e a sua cultura, olhando para o futuro com confiança
e alegria. Por fim, o esboço da Mensagem final confia a Maria, Rainha da Paz, o caminho
do Sínodo.
Ontem à tarde, por sua vez, os padres sinodais refletiram sobre
a importância de uma educação baseada na liberdade. Numa sociedade composta por uma
pluralidade de religiões, esse tipo de educação é uma questão capital para que se
alcance uma convivência harmoniosa.
Que a formação das futuras gerações seja
centralizada no respeito pela fé e pela consciência, porque somente assim o diálogo
será construtivo e eficaz.
Em seguida, foi reiterada a importância das instituições
culturais católicas, abertas também a estudantes de outras religiões, porque a Igreja
é uma asseguradora da liberdade.
As religiões podem viver juntas, não obstante
as feridas, afirma o Sínodo. As igrejas e as mesquitas sejam abertas a todos e sejam
um espaço de reconciliação e de perdão.
Os padres sinodais indicaram, ainda,
a questão das vocações, que deve ser examinada com atenção, olhando mais para a qualidade
do que para a quantidade, e sem desencorajar-se, porque muitas vezes o chamado do
Senhor chega mais numeroso aonde os fiéis vivem as situações mais duras, como no caso
do Seminário patriarcal caldeu de Bagdá.
E, justamente de um país atormentado
como o Iraque, chegam sinais encorajadores: de fato, a Sala sinodal ressaltou como
os caldeus católicos da Mesopotâmia vivem pacificamente com os muçulmanos da área,
num contexto de respeito e estima pelas instituições e pelas obras eclesiásticas,
apesar das situações políticas e da emigração.
Por fim, os padres sinodais
fizeram algumas sugestões: convocar um Congresso geral pan-árabe dedicado à formação
dos jovens; fundar centros especializados na orientação das famílias e viver a emigração
como expansão missionária. (RL)