SÍNODO PEDE LIBERDADE RELIGIOISA PARA ORIENTE MÉDIO
Cidade do Vaticano, 14 out (RV) - Prosseguem os trabalhos da Assembleia Especial
do Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio, iniciados domingo passado, dia 10. Com
o tema "A Igreja Católica no Oriente Médio: comunhão e testemunho. A multidão dos
que haviam crido era um só coração e uma só alma" (At 4, 32), o encontro sinodal se
concluirá no dia 24 deste mês. Cento e oitenta e cinco padres sinodais participam
do encontro.
Estiveram no centro da VI Congregação Geral dos trabalhos sinodais
desta manhã – realizada na presença do Papa – entre outros, os temas da igualdade
de direitos e do reforço dos sistemas de comunicação.
Nós, fiéis da atormentada
região do Oriente Médio, temos o direito de esperar e esperamos muito deste Sínodo:
foi o que os bispos disseram em alta voz, reiterando que a região do Oriente Médio
alterna páginas sombrias com momentos de luz.
De fato, se no Líbano a Igreja
tem um papel primordial e em certos Países do Golfo se contam novas igrejas e na Arábia
Saudita se encorajam encontros inter-religiosos, é também verdadeiro que onde o Islã
é religião de Estado, falta liberdade religiosa, as leis sobre a imigração são restritivas
e os sacerdotes são poucos.
Como conciliar tudo isso com a tolerância da qual
fala o Alcorão, se falta liberdade de consciência e os cidadãos não são todos iguais
perante a lei? – perguntam-se os padres sinodais. Nesse contexto, é importante, portanto,
relançar também os sistemas de comunicação que favoreçam o conhecimento recíproco.
Foi
ressaltada a necessidade de se dar espaço à formação para os meios de comunicação
não somente aos leigos, mas também aos seminaristas, em particular no que diz respeito
à cultura digital, presente também nas diversas nações do Oriente Médio.
Outro
tema candente tratado na Sala sinodal foi o da evangelização da família, muitas vezes
atacada pela cultura ocidental que fala de divórcio e de contraceptivos. Portanto,
o núcleo familiar deve ser recuperado como Igreja doméstica, fulcro da transmissão
da fé.
Em seguida, os bispos fizeram uma autocrítica: os cristãos não conhecem
bem o Evangelho e as nossas divisões causam dúvidas e sofrimentos. Como os fiéis podem
ver uma Igreja que não está em comunhão?
É chegado o momento, então, de caminhar
juntos para o bem do povo de Deus, porque a questão ecumênica no Oriente Médio é um
dos principais desafios para a Igreja de hoje. -Por isso, o Sínodo sugere a criação
das "Jornadas Ecumênicas do Oriente Médio", a exemplo das "Jornadas Mundiais da Juventude".
Os
padres sinodais discutiram, ainda, a questão das migrações, ressaltando que os migrantes
são muitas vezes "crucificados" entre os países de origem e os de acolhimento. Em
seguida, foi evidenciada a necessidade de encorajar os cristãos dos Oriente a permanecerem
em seus países, porque a presença deles não é uma casualidade, mas a vontade de Deus.
Por
outro lado, porém, a emigração justificada é um direito inalienável, condizente com
o respeito da liberdade e da dignidade humana.
A esse propósito, nas discussões
e reflexões dos padres sinodais emergiu um conceito fundamental: é preciso passar
do conceito de ajuda aos cristãos do Oriente Médio ao conceito de desenvolvimento,
para radicá-los em suas terras.
Por fim, foi feita aos padres sinodais a saudação
do Presidente emérito do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Roger Etchegaray,
que fez votos de que o Sínodo olhe também para o Extremo Oriente, para fazer de modo
que a Palavra de Deus seja conhecida também naquelas regiões. (RL)